GPL interdita parqueamento na Rainha Ginga
A proibição de parquear viaturas nas laterais da faixa de rodagem da rua Rainha Ginga, na Baixa da cidade de Luanda, em toda a sua extensão, deixou ontem irritados muitos automobilistas que estacionam na zona, por falta de alternativa.
A proibição de parquear viaturas nas laterais da faixa de rodagem da Rainha Ginga (rua onde se localiza o Jornal de Angola), no centro da cidade, em toda a sua extensão (do antigo Baleizão ao Largo do Ambiente), deixou ontem frustrados automobilistas, que reclamam da falta de alternativa e por a medida ter sido tomada sem aviso prévio.
A medida resulta de uma orientação baixada pelo governador da província de Luanda, Sérgio Rescova, que pretende ordenar o estacionamento de viaturas, para facilitar a circulação rodoviária na cidade capital.
O automobilista Luís Raimundo diz que não faz sentido proibir o parqueamento naquela zona, por não existir no centro da cidade um número suficiente de parques capazes de albergar todas as viaturas que circulam no casco urbano e que pretendem estacionar por alguns instantes. No entender deste cidadão, que trabalha no centro da cidade, o parqueamento de viaturas naqueles espaços não dificulta a circulação rodoviária, pois existe espaço livre suficiente para o movimento e manobra dos meios rolantes.
Luís Raimundo disse que o engarrafamento que se regista diariamente naquele troço não é provocado pelos carros que aí ficam parqueados, mas pela falta de vias alternativas, muitas delas fechadas devido ao mau estado de conservação, outras privatizadas por pessoas singulares ou por empresas, sendo um problema que se assiste em Luanda.
“Se realmente essa medida foi tomada pelo governador de Luanda, só posso dizer que ele não foi feliz, está a ser muito mal aconselhado”, acentuou. Diferente de Luís Raimundo, Gelson Castro entende que a medida foi acertada, porque vai colocar um ponto final na confusão que alguns automobilistas promovem logo pela manhã, quando começam a procurar por um lugar para estacionar.
“A normal circulação nessa via é a que estamos a registar actualmente, sem grande esforço”, frisou, para acrescentar que as pessoas precisam cultivar o hábito de colocar os carros em parques de estacionamento existentes na cidade e não ao longo das faixas de rodagens.
Contactado ontem pelo Jornal de Angola, por telefone, o director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa do Governo da Província de Luanda, confirmou tratar-se de uma orientação do governador, argumentando que a mesma visa acabar com o estacionamento de viaturas nas faixas de rodagens. De acordo com Sebastião José, que citava a orientação de Sérgio Rescova, a ideia é permitir que o trânsito seja feito normalmente nessas vias.
“O governador orientou que aí onde não existir parque de estacionamento, a faixa de rodagem deve estar livre para que o trânsito flue”, salientou. Sebastião José disse haver, no centro da cidade de Luanda, vias que foram concebidas para duas a três faixas de rodagem, mas por causa desses estacionamentos anárquicos, passaram a ter apenas uma faixa, causando estrangulamento à circulação rodoviária.
Quanto ao beco da antiga cervejaria Biker, onde muitos automobilistas também estacionam as viaturas, o director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa do Governo da Província de Luanda disse que foi igualmente proibido o estacionamento por se tratar de uma rua e não de um parque de estacionamento.
Sebastião José disse que a cancela existente à entrada daquela rua vai ser removida por estar ilegalmente colocada. A mesma medida vai ser aplicada na rua que fica entre o Chá de Caxinde e o Banco Económico, que também está há anos interdita ao trânsito. Sebastião alertou que os automobilistas que insistirem em parquearem viaturas nos espaços agora proibido vão ser sancionados, de acordo com o Código de Estrada ou outras medidas complementares.
O alto funcionário do GPL disse não ser justa a reclamação apresentada por aqueles que tinham esses espaços como parque de estacionamento, porque os mesmos não foram concebidos para este fim.
“O que se passa connosco é que criamos coisas anormais, pensando que são normais, e quando se quer repor a normalidade metemo-nos a reclamar”, salientou. Segundo uma fonte da Direcção de Viação e Trânsito, da Administração do Distrito Urbano da Ingombota, a ideia não é fazer com que os automobilistas deixem de estacionar naqueles espaços para sempre.
O que se pretende na verdade, continuou, é liberar provisoriamente o lugar para se fazer um pequeno parque de estacionamento.
“Não vai se colocar um ponto final no estacionamento”, garantiu a nossa fonte. Até ao fecho dessa edição, agentes da Polícia de Trânsito, não arredavam pé da rua Rainha Ginga, impedindo os automobilistas de estacionarem as viaturas, tendo isolado as faixas de rodagem com fita.
“O governador de Luanda orientou que aí onde não existir parque de estacionamento, a faixa de rodagem deve estar livre para que o trânsito flue com a normalidade que se impõe”