Tshisekedi quer manter actuais chefias militares
O novo Presidente congolês, Félix Tshisekedi, visitou alguns quartéis-generais das forças de defesa e segurança, depois de ter recebido em Kinshasa os comandantes do Exército de todo o país, garantindo-lhes a intenção de manter as actuais chefias em funçõ
Na primeira visita aos comandos das forças de defesa e segurança efectuada na qualidade de Comandante em Chefe, o novo Presidente da RDC manifestou o desejo de manter nos cargos as actuais chefias, garantindo-lhes um tratamento igual ao que lhes era dado pelo seu antecessor.
“Não tenham medo de nada, porque estão em boas mãos, o vosso comandante supremo será gentil como o seu antecessor”, disse o Presidente congolês na mensagem transmitida depois pela televisão local.
Segundo fonte diplomática na capital, Kinshasa, a primeira visita de Tshisekedi foi ao Quartel-General da Guarda Presidencial onde garantiu cumprir uma das promessas feitas durante a campanha eleitoral de proporcionar-lhes melhoria das condições sociais.
“Vim visitar o campo militar de Tshatshi para ver como os soldados e as suas famílias estão a ser tratados e a fim de trazer melhorias”, disse na ocasião o novo Presidente da República.
Na véspera, Félix Tshisekedi tinha-se reunido em Kinshasa com as chefias militares de todo o país, tendo-lhes apresentado François Beya como seu conselheiro especial em matéria de segurança.
Antigo chefe da Direcção Geral de Migração (DGM) durante 12 anos, este profissional dos serviços de informação tinha trabalhado com os dois presidentes anteriores, Kabila pai e filho. Entretanto, surgiu a primeira contrariedade no plano de Félix Tshisekedi manter nos cargos as actuais chefias do aparelho de segurança com o pedido de demissão apresentado por carta pelo administrador-geral da Agência Nacional de Informação, Kalev Mutondo.
Segundo a imprensa congolesa, que cita fontes próximas do Conselho Nacional de Segurança, o pedido de demissão deve-se a razões políticas, uma vez que Mutondo deseja ser o próximo governador de Lualaba.
Trata-se de uma região que surgiu da nova divisão territorial do país, derivada do antigo Katanga, a província mais rica do país por ser a que produz a maior quantidade de cobalto do mundo, material usado no fabrico das viaturas eléctricas.
Kalev Mutondo fez parte da lista dos dirigentes da era de Joseph Kabila que ainda estão sob sanções impostas pela União Europeia.
O presidente provisório da Assembleia Nacional da RDC, Gabriel Kyungu, wa Kumwanza, conhecido aliado de Moise Katumbi, afirmou que se opõe a todas as manifestações contra o Presidente Félix Tshisekedi, uma posição que fragiliza e isola ainda mais Martin Fayulu, candidato derrotado nas eleições de 30 de Dezembro.
Numa reunião realizada no Palácio do Povo, em Kinshasa, destinada a formalizar a constituição de uma direcção provisória da Assembleia Nacional, Gabriel Kumwanza apelou à classe política para que ajude o novo Presidente da República a cumprir o mandato, reservando a tomada de posições negativas apenas quando isso se justificar.
Salários vitalícios
A imprensa congolesa revela que, antes de abandonar o poder, o então primeiroministro, Bruno Tshibala, aprovou decretos que visam garantir a sustentabilidade financeira dos ministros que integraram o gabinete, sendo que um deles estabelece o pagamento vitalício de um salário mensal equivalente a dois mil dólares.
O outro decreto permitelhes manter, também de modo vitalício, as regalias que tinham enquanto ministros, sejam de apoio médico, uma viagem gratuita por ano ao estrangeiro em “business class”, subsídio de manutenção de habitação do valor de cinco mil dólares por mês, pessoal auxiliar pago pelo Estado e outras que visam “satisfazer o mínimo das necessidades básicas”, conforme ele próprio explicou recentemente numa intervenção pública.
A divulgação destas informações por parte da imprensa local está a gerar alguma controvérsia nas redes sociais, onde é recordado que um professor universitário ganha apenas 30 por cento do valor que é pago aos ministros.
Na altura da sua aplicação, o Governo defendeu os decretos explicando que eles não têm efeitos retroactivos, aplicando-se apenas a quem estava na altura no Executivo e aos que entrarem no futuro.
Tshisekedi pretende cumprir com uma das promessas feitas durante a campanha eleitoral de proporcionar melhores condições sociais à tropa