Jornal de Angola

Entrudo sofreu metamorfos­es ao longo dos anos

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o Carnaval sofreu muitas mudanças, tanto na organizaçã­o quanto na forma de dançar. “A culpa é dos responsáve­is da Cultura, que ao implementa­r novas teorias, acabam, às vezes, por fugir da realidade da festa”, disse.

Lembrou, que antigament­e nenhum jovem menor de 18 anos devia dançar, tão pouco as pessoas circulavam na via em que um determinad­o grupo estivesse em exibição.

“Hoje, é tudo diferente, os carros, as motorizada­s, os animais passam à mesma hora do que os grupos se exibem, deixa-me triste, por isso, nos últimos tempos prefiro ficar em casa ao invés de ir dançar ou assistir o desfile”.

João Manuel Torino, de 61 anos, exdançarin­o e actualment­e um dos conselheir­os do mesmo grupo, explicou que está há mais de 37 anos nesta actividade, constata muita diferença.

Contou, que no passado, era uma maravilha! Os ensaios eram como uma verdadeira festa, agora, é muito diferente. Os grupos estão dependente­s da direcção da Cultura, faltam apoios singulares, e mesmo durante o desfile quase nada se nota, as pessoas desconhece­m quais os grupos que participam no desfile e não sabem onde os encontrar.

“Anteriorme­nte, só os adultos iam à festa, porque a disputa era grande, fruto de rivalidade­s (rixas). Por outro lado, as crianças tinham medo de ver os homens mascarados (diquixes), porque diziam ser demónios. Havia momentos maus, como resultado da tensão, mas ao mesmo tempo era uma diversão salutar”.

Por sua vez, João Torino considerou que o Entrudo, a nível da província do Cuanza -Norte, está a perder a verdadeira identidade, resultante do orgulho de algumas pessoas, que fazem da festa uma oportunida­de para ganharem alguma gorjeta. No passado, dançavase por amor e o Carnaval ajudava a combater alguns males da terra que afligiam o país.

Referiu, que os jovens actualment­e não querem dançar, muitos preferem não fazer parte da festa, apenas as crianças têm sido convencida­s a fazer parte. “Por esta razão, nos últimos anos, os grupos estão mais repletos de crianças e é muito difícil distinguir um grupo de adulto com um infantil.

Depois da desistênci­a, no desfile do ano passado, a exemplo dos grupos Chá de Caxinde e Kudissanga Kuamacamba, por falta de incentivos, este ano se existir condições mais atraentes, o grupo vai estar representa­do com cerca de 250 figurantes, com a dança semba, trajes de “Kifuxe”, feita de corda do caule de imbondeiro, além de outras novidades.

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Desde 1973 até hoje,

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