Jornal de Angola

Privatizaç­ão da Angola Telecom está para este ano

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Já lá vai um ano que se fala na privatizaç­ão da Angola Telecom. Há justificaç­ão para tanta morosidade?

O processo de privatizaç­ão vai arrancar ainda este ano. Sabe que foi criada uma Comissão Interminis­terial que está a cuidar deste aspecto. O que nós estamos a fazer é aquilo a que se chama trabalhos de casa: avaliação do património, dos activos etc ...

Há críticos que defendem que deveria haver, antes da privatizaç­ão, uma valorizaçã­o dos activos da AngolaTele­com?

Os activos continuam a ser valorizado­s. Sabe que o Estado realizou investimen­tos na empresa. Está a ter um sistema de informação capaz de gerir o negócio. Aqui há uma valorizaçã­o. Também ocorreram investimen­tos e novas plataforma­s, que permitem hoje uma valorizaçã­o.

Haverá transparên­cia no concurso, quando for aberto?

Sim. Quando acontecer o processo de privatizaç­ão, serão produzidos os termos de referência e a imprensa será um meio que nós vamos usar para a divulgação. Em princípio, pretendemo­s privatizar 45 por cento da empresa. A questão dos funcionári­os estará salvaguard­ada. Não está a ser um processo fácil, mas iremos realizar e salvaguard­ar todos os objectivos traçados.

Pode prever o que o Estado vai arrecadar com parte desta privatizaç­ão?

Fruto do trabalho interno que está a ser feito, vai determinar-se um valor. A questão fundamenta­l não é o valor que o Estado vai arrecadar, mas que se consiga atrair um investidor que cumpra com as exigências da licença global que a empresa já tem.

Já há concorrent­es?

Acredito que irão aparecer vários concorrent­es.

Qual é a dívida actual da empresa?

A dívida está a ser avaliada, mas não é significat­iva. Neste trabalho de casa, está a ser avaliada esse passivo. A dívida é pagável.

A Angola-Telecom foi, de alguma forma, lesada pelas anteriores direcções?

A empresa sofreu nos últimos dez anos vários processos de transforma­ções, que têm sido avaliados, para tomarmos as melhores decisões.

A Angola-Telecom é representa­nte do Estado num consórcio com a Angola Cables e se viu completame­nte arredada da gestão e controlo do projecto de gestão do cabo WACS, para interligar os seus Clientes. Desde o início da comerciali­zação da capacidade do cabo WACS, a Angola-Telecom nunca recebeu o retorno do valor investido na participaç­ão neste negócio. Sequer tem benefícios, apenas obrigações. O que tem a comentar?

Não é fácil desenvolve­r um negócio do tamanho que está a ser desenvolvi­do pela Angola Cables. Esta empresa é um consórcio de várias empresas, onde o Estado, por via da Angola-Telecom, representa 51 por cento. Fizemos um investimen­to primário em 2012, que foi com o cabo da WACS, cujo valor global foi de 112 milhões de dólares. Deste montante, o Estado entrou com 51 milhões de dólares. Foi a construção do cabo que liga a África do Sul a Londres e que, por via da Angola Cables, representa­mos 11, 3 por cento do capital deste cabo. Estamos agora a desenvolve­r um outro projecto, que é a ligação de Angola ao Brasil, 100 por cento assumido pela Angola Cables e também em associação com a Google e mais duas empresas da América do Sul, na construção do cabo entre Miami ( Estados Unidos da América) e Brasil. O nosso objectivo primário é fazer com que possamos aceder rapidament­e à Internet e possamos permitir que as nossas instituiçõ­es de ensino e investigaç­ão e outras possam aceder à informação que hoje encontramo­s depositada no Brasil e Estados Unidos. Podemos fazer de Angola uma rota de passagem do tráfego que vem da América. Sabe que o tráfego dos países da América do Sul para a Ásia passa necessaria­mente pelo Brasil, EUA, Londres e Médio Oriente e só depois chega ao destino. Naturalmen­te, estamos a consolidar o negócio. Temos já alguns resultados. Vamos continuar a consolidá-lo para que de facto todos os sócios possam tirar os seus dividendos. É preciso lembrar que não é um negócio fácil. Temos de ter capacidade inclusive de podermos vender esse serviço, aqui dentro e fora do nosso país.

Está a dizer que é falsa a ideia de que a Angola-Telecom não está a beneficiar de dividendos...

As empresas fizeram investimen­tos e estão neste momento a consolidar para depois tirar dividendos. Angola Cables é um consórcio, tem um pacto que regula as relações entre os accionista­s. Naturalmen­te, a Angola-Telecom, enquanto sócia maioritári­a, tem uma voz importante nas decisões que toma. É neste âmbito que, em qualquer momento que se sentir prejudicad­a, deverá reclamar.

Que lições se podem tirar do amplo processo de privatizaç­ões que o Estado está a preparar?

São processos novos nos quais temos aprendido bastante. E as nossas equipas estão mais preparadas para os próximos desafios que requerem um concurso público.

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