Jornal de Angola

O fim prematuro do maior avião do mundo

Decisão de se colocar fim à fabricação da aeronave pode pôr em perigo de 3000 a 3.500 posições laborais, que sofrerão impacto nos próximos três anos

-

O Grupo europeu Airbus anunciou que vai deixar de fabricar o A380 em 2021, depois de a Emirates ter alterado encomendas pelos modelos A330-900 e A350-900 informa o Diário de Notícias.

A Emirates, que, de acordo com as encomendas, até agora deveria ter recebido um total de 162 aparelhos A380, vai comprar apenas 123, tendo assinado um novo contrato com a Airbus, para adquirir quarenta A330-900 e trinta A350-900. Em comunicado, o CEO da Airbus, Tom Enders, explicou que, como resultado dessa decisão, não existe “uma carteira de pedidos substancia­l do A380 e, portanto, não há base para apoiar a produção do A380, apesar de todos os esforços de vendas” realizadas com outras companhias aéreas nos últimos anos.

“Isso leva-nos a finalizar as entregas do A380 em 2021”, concluiu Enders. “Os passageiro­s de todo o mundo adoram voar neste grande avião (o maior avião de passageiro­s do mundo). Por isso, o anúncio de hoje é doloroso para nós e para as comunidade­s do A380 em todo o mundo”, afirmou ainda.

A gigante aeroespaci­al disse que o impacto da decisão foi “amplamente incorporad­o” nos resultados da empresa em 2018, que mostraram um lucro líquido de três mil milhões de euros em 2018, quase 30% mais que em 2017. A Airbus informou que entregará entre 880 e 890 novas aeronaves comerciais este ano.

A empresa disse ainda que vai iniciar discussões com os parceiros sobre as “3000 a 3500 posições” laborais que “potencialm­ente” sofrerão um “impacto” nos “próximos três anos”, com a decisão de acabar com a produção dos A380.

A Airbus não especifico­u que empregos ou locais seriam afectados, mas afirmou que o aumento da produção do A320 e o novo pedido de fuselagem larga da Emirates Airline ofereceria­m “um número significat­ivo de oportunida­des de mobilidade interna”.

A Airbus UK faz as asas para o A380, empregando seis mil funcionári­os numa fábrica em Broughton, no País de Gales. Isto além de três mil funcionári­os numa outra unidade em Filton, perto de Bristol, onde as asas são projectada­s e apoiadas.

Greg Waldron, editor-chefe da Flight Global na Ásia, disse que a decisão da Airbus reflecte uma tendência em curso na indústria aeronáutic­a: a de se substituír­em modelos gigantes, como o A380, por outros mais pequenos, mas capazes de cobrir grandes distâncias, como os modelos 787 e 777, da Boeing, e o A330 e o A350, da Airbus. A Airbus entregará os últimos 14 aparelhos A380 à Emirates nos próximos dois anos. A companhia aérea do Dubai encomendou outras setenta aeronaves mais pequenas ao mesmo fabricante.

O superjumbo da Airbus não tem tido a vida facilitada. Se, por um lado, os passageiro­s adoram o seu estilo moderno e espaçoso, as companhias aéreas têm-se mostrado difíceis de conquistar. Potenciais clientes desistiram e outros reduziram a sua carteira de encomendas. Só a Emirates permanece, por enquanto, como a verdadeira campeã do A380, com mais de 100 aeronaves em operação. Quantas Airways No início do mês, as nuvens que pairavam sobre o Airbus A 380 tinham ficado mais densas, com a Quantas Airways a voltar atrás com a encomenda de oito aeronaves do maior avião comercial do mundo. A decisão, que retirará a solicitaçã­o feita em 2006 da carteira de encomendas da Airbus, trouxera novas dúvidas sobre o futuro do superjumbo da francesa Airbus, escreveu na altura a Reuters, sitada pelo Diário de Notícia.

A Quantas Airways, uma das primeiras companhias a operar o avião de dois andares, voltou atrás com a encomenda de um avião que tem o preço tabelado de 445 milhões de dólares. A companhia australian­a andava, durante anos, a adiar o compromiss­o fixado em 2006, embora, em declaraçõe­s à Bloomberg, dissesse que pretendia remodelar a frota actual de doze A380.

 ??  ??
 ?? DR ??
DR
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola