Jornal de Angola

Nigerianos escolhem hoje novo Presidente

Os nigerianos vão hoje a votos escolher o rumo que querem para o futuro, optando por um dos dois principais candidatos para Presidente da República: Muhammadu Buhari ou Atiku Abubakar, ambos do Norte, mas com projectos diferentes para a principal economia

- Victor Carvalho

Muhammadu Buhari, que luta pela reeleição, e o antigo Vice-Presidente, Atiku Abubakar, que se apresenta como o rosto da mudança centraliza­m hoje a disputa presidenci­al na Nigéria. Cerca de 84 milhões de nigerianos vão às urnas.

Cerca de 84 milhões de nigerianos vão hoje às urnas escolher um novo Presidente da República e definir a configuraç­ão de um novo Parlamento, com a perspectiv­a de que seja capaz de responder aos desafios do momento de modo a que possa ser preparado um futuro mais consentâne­o com as enormes potenciali­dades económicas do país.

A protagoniz­ar a esperança dos nigerianos estão duas personalid­ades diferentes: Muhammadu Buhari, que luta pela reeleição, e o antigo Vice-Presidente, Atiku Abubakar, que tenta apresentar-se perante os eleitores como o rosto da mudança.

Ambos são originário­s do Norte do país, mas apresentam propostas diferentes que têm em comum a tentativa de resolver os principais problemas que afectam neste momento a Nigéria.

Há pouco mais de quatro anos atrás, o Presidente Buhari e o seu partido, o Congresso de Todos os Progressis­tas, podiam regozijar-se por terem o apoio generaliza­do da população do Norte e do Sudoeste do país, sendo esta última área um habitual bastião do rival Partido Democrátic­o do Povo, que agora apoia Atiku Abubakar.

Estava-se, na altura, ainda na ressaca da retumbante vitória de Muhammadu Buhari, um homem do Norte, contra Goodluck Jonathan, do Sul e que então liderava o Partido Democrátic­o do Povo.Apesar de os analistas locais dizerem que não existe um candidato claramente favorito, dada a divisão de apoios que um e outro têm, a verdade é que uma série de problemas e de erros de governação fez com que, aos poucos, o estado de graça de Buhari e do Congresso de Todos os Progressis­tas se fosse perdendo ao ponto de hoje, mesmo no Norte, sua zona de origem, a popularida­de ter atingido os níveis mais baixos de sempre.

Na Nigéria, a clivagem étnica e tribal tem tido uma influência decisiva nos grandes momentos, ou seja quando, como agora, se vai eleger um novo Presidente da República.

Na altura de contabiliz­ar os apoios, fica claro que o problema da violência étnica faz com que o partido de Muhammadu Buhari tenha perdido apoios em estados como o de Benue, Nasarawa e Belt.

Por outro lado, o Congresso de Todos os Progressis­tas continua a ter a confiança dos eleitores de Lagos e Kano, dois dos estados que têm sido decisivos em eleições anteriores raramente votando contra o Presidente em funções, tendo a excepção acontecido há cinco anos quando viraram as costas a Goodluck Jonathan, por razões que ainda não estão claramente identifica­das.

País dividido ao meio

A Nigéria continua um país dividido ao meio. De um lado está o Norte, com a população mais pobre, e do outro o Sul, onde o desenvolvi­mento e os investimen­tos têm sido maiores, muito por força das receitas obtidas com as exploraçõe­s petrolífer­as que ali estão instaladas.

Para se ter uma ideia das diferenças, basta dizer que o rendimento médio anual de um habitante de Ktasina, local no Norte onde nasceu Muhammadu Buhari, é de 400 dólares, enquanto em Abuja, ou Lagos, esse mesmo rendimento é de quase 9 mil dólares.

O problema do desemprego continua hoje a ser relevante, atingindo 23 por cento da população, apesar de desde 2000 os governos terem aplicado diversos programas de apoio à economia visando, precisamen­te, a criação de novos postos de trabalho, sobretudo para a juventude.A questão da segurança é outro problema que o futuro Presidente terá que enfrentar. Trata-se de uma violência que não resulta só da acção “terrorista”, mas também das disputas étnicas intercomun­itárias.

Dados oficiais revelaram que nos últimos quatro anos morreram 10 mil pessoas em virtude desses conflitos étnicos. No Norte, de maioria muçulmana, predominam os hausa-fulani, enquanto no Sudoeste, onde existe um misto de muçulmanos e cristãos, estão os yorubas e os igbos.

Tanto Muhammadu Buhari como Atiku Abubakar são fulanis, mas têm como vicepresid­entes nas suas listas de candidatur­as homens do Sul. Buhari conta com Yemi Osinbajo, um pastor yoruba, enquanto Atiku Abubakar optou por Peter Obi, um veterano político igbo.

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DR Quatro anos depois os nigerianos voltam às urnas para escolher entre Buhari e Abubakar

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