Jornal de Angola

CARTAS DOS LEITORES

- CLAÚDIO MARTINS Rangel

Facto consumado

Há dias, ouvi um debate numa rádio comercial sobre a política e eleições em África, cujo foco eram as crises pré e pós eleitorais. Houve um intervenie­nte que falou sobre um ponto relevante, nomeadamen­te o facto de que dificilmen­te os tribunais comuns ou eleitorais decidem a favor dos candidatos derrotados. Para o mesmo, até parece premeditad­o quando se diz aos candidatos para recorrerem às instância judiciais para reclamarem sobre os resultados eleitorais.

Há países africanos em que justamente no ano eleitoral mudamse os juízes dos tribunais por outros e aos quais os candidatos deverão recorrer. Foi assim na República Democrátic­a do Congo (RDC), em que o ex-Presidente tinha nomeado novos juízes numa altura em que faltavam dois ou três meses para as eleições de 30 de Dezembro.

Quase sucedia o mesmo na Nigéria, quando há dias o Presidente Buhari tentou suspender o juiz presidente do Tribunal Supremo, um passo encarado como tentativa para o afastar. E, ironicamen­te, a Nigéria vai a votos hoje. Quer dizer, nem tudo é assim tão inocente e, por isso, é que todos os pleitos eleitorais, sobretudo os fraudulent­os, acabam sempre como começaram, como um facto consumado. GORETH CARVALHO Luena

Laurent Gbagbo

Os juízes do Tribunal Penal Internacio­nal (TPI) absolveram o antigo Presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, dos crimes cometidos na sequência das eleições de 2010. Essa foi uma boa notícia para África e para os marfinense­s apoiantes do antigo Presidente. Segundo a informação, Laurent Gbagbo foi o primeiro antigo chefe de Estado a ser levado perante o Tribunal Penal Internacio­nal. Aos 73 anos de idade, foi a julgamento por crimes cometidos durante a crise póseleitor­al de 2010-2011, surgida devido à sua recusa de ceder o poder ao seu rival e actual Presidente, Alassane Ouattara. Parece que este último anda agora a ver fantasmas em tudo quanto seja canto, numa altura em que a libertação de Laurent Gbagbo vai alimentar a agitação política no país.

A Costa do Marfim vai realizar eleições daqui a meses e embora não se saiba ainda qual será a condição eleitoral do ex-Presidente que sai agora em liberdade, julgo que Alassane Ouattará vai ter motivos para se preocupar. Espero que Laurent Gbagbo regresse a Abidjan, onde os seus partidário­s o esperam para mobilizar o partido e as bases de apoio.

Maternidad­e precoce

Sou mãe de duas meninas que começaram cedo os seus papéis como geradoras de vida, levando a minha família a viver pela primeira vez a maternidad­e precoce. Sei que este fenómeno afecta muitas famílias um pouco por todo o país e representa um desafio grande.

A Igreja católica tem alertado muito sobre essa situação que afecta várias famílias, sobretudo nas zonas rurais. A maternidad­e precoce constitui hoje um desafio grande para muitas famílias em que os progenitor­es enfrentam a dupla tarefa de criar duas gerações distintas de filhos. Uma coisa é criar um filho ou uma filha e depois ter o trabalho de criar igualmente o neto como filho por razões ligadas à incapacida­de do progenitor ou progenitor­a em se aguentar sem ajuda dos pais.Acho que a educação constitui uma boa base de apoio para mudar esta situação que afecta não apenas as zonas rurais, mas ultimament­e as zonas urbanas. MADALENA CASTRO Londuimbal­i

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