Abusos sexuais na Igreja são desafios do momento
O Papa Francisco classificou ontem a questão do abuso sexual “um desafio urgente” dos tempos modernos e pediu orações pela Cimeira da Igreja sobre o assunto, que se realiza de 21 a 24 de Fevereiro no Vaticano.
Francisco convocou os bispos para uma Cimeira no Vaticano para o ajudar a traçar um rumo para a Igreja relativamente a este tema, depois de décadas de abusos de padres e prelados e de ocultação dos casos pelos superiores. Os escândalos abalaram a confiança dos católicos no Vaticano e nos líderes da Igreja.
Francisco disse ontem aos peregrinos, na Praça de São Pedro, que a partir de quinta-feira, os chefes das conferências episcopais de todo o mundo discutirão “a protecção de menores na Igreja”. “Convido-vos a rezar por este evento, que eu queria (convocar) como um acto de forte responsabilidade pastoral face a um desafio urgente do nosso tempo”, disse Francisco depois da oração do Angelus.
O Papa Francisco lembrava assim o encontro histórico sobre “a protecção dos menores na Igreja”, que reunirá os presidentes das Conferências Episcopais de cerca de 130 países, os superiores gerais de congregações e grupos de vítimas.O Vaticano anunciou, no sábado, a expulsão do sacerdócio do ex-cardeal e arcebispo emérito de Washington, Theodore McCarrick, depois de este ser acusado de abusos sexuais a menores e a seminaristas.
A expulsão do ex-cardeal McCarrick surgiu na sequência de uma investigação ordenada pelo Papa Francisco sobre o caso.
A Congregação para a Doutrina da Fé considera McCarrick culpado das acusações de abusos sexuais de menores e adultos com a agravante de abusos de poder e por isso impôs-lhe a redução ao estado laico. A redução ao estado laico prevê que não possa administrar sacramentos, vestir-se como um sacerdote e receber qualquer tipo de salário.
McCarrick foi ordenado cardeal por João Paulo II e participou no conclave de Abril de 2005, que elegeu o Papa Bento XVI. A perda do ‘barrete cardinalício’ só teve um único precedente na História da Igreja Católica, e não estava relacionada com os abusos sexuais.
Em 13 de Setembro de 1927, o cardeal Louis Billot, que tinha apoiado o movimento antifascista e antisemita “Action Française”, foi condenado por Pío XI e depois de ser recebido pelo Papa deixou o cargo.