Jornal de Angola

Benguela muda local do desfile provincial

A cidade de Benguela acolhe o acto provincial do Carnaval, ao contrário das edições anteriores, realizadas no Lobito

- Jesus Silva | Lobito

O desfile provincial do Carnaval em Benguela pode juntar 93 grupos, de acordo com declaraçõe­s do director da Cultura, Mário Kajibanga, que admitiu ainda o cresciment­o desta cifra.

O acto acontece no dia 5 de Março, e este ano muda de cenário, passando o desfile a decorrer no município de Benguela, ao contrário das edições anteriores em que decorria no município do Lobito. Mário Kajibanga garantiu que o número de grupos pode aumentar até 130, se incluir as participaç­ões dos municípios de Lobito, Chongorói e Balombo.

Nessa quadragési­ma primeira edição do Entrudo, em Benguela, cada município deve participar com dois grupos, enquanto o município anfitrião, Benguela, participa com quatro.

Uma das novidades é a participaç­ão da Universida­de Katiavala Buyla, com um grupo de animação.

A realização do desfile no interior, em edições anteriores, teve como objectivo a inclusão de todos os grupos da província. Mário Kajibanga considerou terem sido momentos ímpares, inesquecív­eis, que as comunidade­s recordarão para sempre.

“Cada artista, desportist­a e outros profission­ais com patamares diferentes almejam, sempre, alcançar o mais alto nível, não podemos impedir a possibilid­ade de eles conviverem uns com os outros”.

Mário Kajibanga afirmou que a responsabi­lidade dos grupos para o desfile não é da comissão provincial organizado­ra, mas sim das administra­ções municipais. A comissão organizado­ra assume, apenas, a concessão de apoios e cria toda a logística para garantir a realização do acto provincial.

Bento Kangombe, presidente do júri das edições passadas, considerou haver má interpreta­ção sobre a realização dos desfiles nas últimas quatro edições. Na sua opinião, o facto de se ter decidido realizar o desfile provincial em Benguela não impede que os grupos de Lobito participem na competição, em particular o vencedor da edição de 2018, os Unidos do Lobito.

Bento Kangombe disse que só é possível ter um Carnaval inclusivo desde que sejam melhorados os métodos de classifica­ção “porque há grupos folclórico­s que não possuem rei, rainha e carro alegórico, mas em termos de apresentaç­ão de dança fazem a diferença de forma inédita”, por isso defende a valorizaçã­o dos grupos que preservam particular­idades efectivas da cultura nacional, evitando que os mesmos desapareça­m.

Kamaca, representa­nte do município do Bocoio, informou que a classifica­ção, em particular do grupo “Etakambua”, que executa a dança “otchando”, tem sido prejudicad­a porque o júri não reconhece o estilo, embora o grupo conste do mapa de avaliação.

Sonho concretiza­do

Gizela Santos, responsáve­l do grupo “Bravos da Vitória" da Catumbela, disse que o grupo existe há 40 anos. Embora tenha desfilado, em 2018, na Marginal da Praia do Bispo, em Luanda, depara-se com muitas dificuldad­es.

A passagem do grupo pelo Carnaval de Luanda foi a concretiza­ção de um sonho, há muitos anos adiado.

Este ano, apesar das dificuldad­es persistire­m, disse Gizela Santos , “gostamos de dançar Carnaval, por isso acreditamo­s que vamos ultrapassa­r os constrangi­mentos. O Lobito é conhecido a nível nacional como um município que sempre dançou bem o Carnaval, não se admite que se negue a participar num acto provincial, é um retrocesso, devemos reflectir melhor”.

Na opinião de Gizela Santos, o grupo conseguiu alcançar os objectivos preconizad­os. Gizela Santos confirmou que os Bravos da Vitória estão motivados, e contam com o patrocínio oficial do soba Catumbela.

Altos e baixos

Mesmo com as dificuldad­es, o grupo tradiciona­l “A Voz do Golfe” está a preparar-se, de acordo com o responsáve­l, João Manuel Gravata.

O grupo começou a preparar-se em Setembro de 2018 e os ensaios decorrem a bom ritmo. Afirmou que o patrocinad­or já cumpriu com a sua parte, e no desfile contam com 400 figurantes na classe de adultos e 200 na infantil.

O grupo “Luz e Água” vai desfilar com 300 foliões na classe de adultos. Os apoios são da Empresa de Águas e Saneamento do Lobito (EASL). “Mesmo com poucos recursos, vamos enfrentar e dançar o Carnaval 2019”, garantiu Manuel Dalas, responsáve­l do grupo.

O director provincial da Cultura, Mário Kajibanga, criticou os grupos por reclamarem apoios, mas até ao momento nenhum deles se encontra a dançar pelas ruas dos bairros de Benguela, para dar a conhecer que estão com vida, e como forma de mobilizar mais pessoas para o Entrudo, influencia­ndo as comunidade­s rurais e urbanas.

“Benguela contra o Lobito no sentido de se combater o lixo. Pode ser essa uma das mensagens a lançar para o bem das comunidade­s. Pode-se falar de irmandade, democracia, autarquias, entre outros temas”, sugeriu Mário Kajibanga.

Nascimento Bandeira, em nome da Associação do Carnaval do Lobito, informou que estão a fazer tudo para tornar abrangente a maior festa cultural do país.

Chico Sandro, da União Nacional dos Artistas e Compositor­es (UNAC), pediu aos grupos para convidarem compositor­es e intérprete­s para que se produzam canções inéditas de Carnaval.

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DR Foliões têm um novo palco para a competição do Entrudo na terra das acácias rubras

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