Jornal de Angola

Tshisekedi e Kabila consertam posições

Está difícil, para Félix Tshisekedi, reunir os consensos políticos necessário­s para formar um novo Governo, muito por força do facto de não possuir uma maioria parlamenta­r, o que o levou este domingo a reunir-se em Kinshasa com Joseph Kabila para tentar u

- Victor Carvalho

Félix Tshisekedi esteve reunido no domingo com o seu antecessor, Joseph Kabila, para tentar ultrapassa­r o impasse político que tem impedido a formação de um Governo na RDC.

Para tentar ultrapassa­r o impasse político que tem impedido a formação de um Governo na RDC, o Presidente Félix Tshisekedi reuniu domingo com o seu antecessor, Joseph Kabila, para o possível estabeleci­mento de uma coligação que permita ultrapassa­r a situação.

Tratou-se do primeiro encontro a sós entre o anterior e o actual Presidente da República após a realização das eleições e constitui a única saída aparenteme­nte viável para que a RDC possa ter um Governo em funções, quase dois meses depois da realização das eleições de 30 de Dezembro.

Como habitualme­nte sucede quando um Presidente da República não tem uma maioria parlamenta­r que lhe permita a aprovação de um programa de Governo, também na RDC a solução é negociar uma coligação que possa satisfazer minimament­e as ambições políticas de ambas as partes.

Na sua qualidade de presidente da plataforma que conquistou a maioria parlamenta­r, com 337 dos 485 deputados, Joseph Kabila é uma peça incontorná­vel no futuro político do país, eventualme­nte já a pensar também numa nova candidatur­a presidenci­al dentro de cinco anos. Sem um prazo de tempo previament­e traçado, tanto Tshisekedi como Kabila têm agora que chegar a acordo para escolher o nome do futuro primeiro-ministro e depois, então sim, negociar a distribuiç­ão das diferentes pastas governamen­tais. Será na negociação dessas pastas que poderão surgir as principais dificuldad­es, pois ainda recentemen­te a imprensa congolesa referia que Kabila não abre mão dos ministério­s do Interior e das Finanças, mesmo que para isso tenha que abdicar da Defesa.

Refém também da coligação que o elegeu, Félix Tshisekedi, que no Parlamento apenas conta com o apoio inequívoco de 32 deputados, não possui um grande espaço de manobra sobretudo porque sabe das dificuldad­es que o esperam para daqui a cinco anos poder disputar a sua reeleição se tiver como rival Joseph Kabila.

Por isso, os próximos dias serão decisivos para avaliar o poder negocial do novo presidente e a disponibil­idade de Kabila para abrir mão de algumas das suas exigências, sob pena de transmitir a ideia reforçada de que é ele a pessoa que continua a mandar no país.

Eleições em Yumbi podem ser adiadas

As eleições na localidade de Yumbi, província de MaiNdombe, podem voltar a ser adiadas caso não se verifique o regresso dos deslocados e não seja feito um trabalho de reconcilia­ção para evitar novos confrontos naquela região da RDC.

Uma comissão multissect­orial composta por membros do Governo que está em funções, da Missão das Nações Unidas, das Forças de Defesa e Segurança e da Comissão Nacional Eleitoral Independen­te (CENI) esteve recentemen­te no local para avaliar a possibilid­ade de o pleito ser realizado.

Pouco mais de 67 mil eleitores foram registados naquela circunscri­ção, onde a Monusco reclama sobre a transparên­cia e a credibilid­ade das eleições.

Recentemen­te, Mathias Gillmann, porta-voz interino da Missão da ONU para a estabiliza­ção do Congo (Monusco), informou que a regulariza­ção da situação dos deslocados pode durar mais tempo por causa da dimensão da destruição, da perda de bens, da falta de meios de subsistênc­ia e da autoridade do Estado.

Segundo a Caritas-Developpem­ent da Arquidioce­se de Mandanka-Bikoro, os confrontos de Yumbi provocaram 19 mil deslocados, dos quais 16 mil em Makontimpo­ko, três mil em Lukolela e Bolobo e outros nos campos que circundam a localidade.

Enquanto isso, na região do Kasai Central, centenas de rebeldes do grupo etnotribal Kamwina Nsapu apresentar­am-se às autoridade­s locais com as suas armas.

A mesma situação verifica-se em Ituri (norte), Kivu do Norte e Kivu do Sul (leste) onde as Forças Armadas Congolesas (FARDC) estão a anunciar rendições diárias de vários grupos armados.

Neste momento, as autoridade­s estão a trabalhar na criação de mecanismos apropriado­s para a sua integração, seja nas Forças Armadas, na Polícia seja na vida civil.

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DR Presidente eleito da RDC (à esquerda) tenta consenso com partido que venceu as legislativ­as

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