Jornal de Angola

Propinas chegam ao ensino público

A governante explicou que o fim da gratuitida­de no ensino superior resulta do facto de o Estado não dispor de condições

- Augusto Cuteta

Os estudantes das universida­des públicas passam a pagar propinas, a partir do próximo ano, anunciou, ontem, em Luanda, a ministra do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação.

Maria do Rosário Sambo, que falava à comunicaçã­o social no final de uma visita que efectuou na companhia do ministro dos Transporte­s ao Instituto Superior de Gestão, Logística e Transporte­s (Isgest), acrescento­u que o pagamento de uma “taxa de compartici­pação” pelos estudantes das universida­des vai pôr fim à gratuitida­de no ensino superior, no período regular - manhã e tarde - e deve-se ao facto de o Estado não dispor de condições para continuar a suportar exclusivam­ente todas as despesas com esse nível de formação.

Sobre o valor das propinas, a ministra do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação disse ser ainda desconheci­do, porque o estudo feito sobre o assunto ainda não está concluído, embora seja “um dado adquirido que a gratuitida­de tem os dias contados no ensino superior.”

Relativame­nte ao instituto que visitou ontem, situado no Distrito Urbano da Cidade Universitá­ria, município de Talatona, Maria do Rosário Sambo anunciou a revisão do estatuto orgânico do estabeleci­mento académico, que tem, actualment­e, carácter público-privado.

A ministra deu ênfase à necessidad­e de alteração da natureza jurídica do Instituto Superior de Gestão, Logística e Transporte­s no sentido de a instituiçã­o ter apenas uma superinten­dência e beneficiar, também, de uma dotação orçamentad­a.

“Vamos manter encontros de trabalhos com o Ministério dos Transporte­s para que o investimen­to que o Estado fez nesta instituiçã­o reverta efectivame­nte a favor da formação de qualidade e do desenvolvi­mento do país”, acentuou a ministra.

A implementa­ção da ideia de criação de um novo estatuto orgânico “começa agora”, salientou Maria do Rosário Sambo, garantindo que o trabalho não vai afectar o funcioname­nto da instituiçã­o, que ministra os cursos de Logística e Transporte, Gestão Aeronáutic­a, Contabilid­ade, Engenharia de Transporte­s, Informátic­a de Gestão, Mecatrónic­a, Gestão e Engenharia de Informátic­a.

Nas universida­des públicas, os estudantes do período pós-laboral pagam propinas, realidade resultante de uma decisão que já tem mais de 10 anos.

Professore­s sem salário

Os professore­s e membros da direcção do Instituto Superior de Gestão, Logística e Transporte­s estão há mais de seis meses sem salários e o pessoal administra­tivo há três meses, informou o coordenado­r da comissão de gestão da instituiçã­o académica, quando falava na visita da ministra às instalaçõe­s do instituto.

Alberto Chocolate explicou que uma das principais causas dos atrasos é a inexistênc­ia de uma dotação orçamental, razão pela qual a instituiçã­o depende apenas das receitas resultante­s do pagamento das propinas pelos alunos.

“A maior dificuldad­e do instituto está relacionad­a com a falta de dotação financeira, situação que agrava com o pouco número de estudantes matriculad­os”, adiantou Alberto Chocolate. Até ao ano passado, o Instituto Superior de Gestão, Logística e Transporte­s tinha 816 estudantes, número que ficou reduzido por ter havido desistênci­a na ordem dos 25 por cento.

Para este ano lectivo, o instituto recebeu apenas cerca de 150 novos alunos, um número que está abaixo das previsões da direcção do estabeleci­mento académico, que disponibil­izou 1.560 vagas. Apesar das dificuldad­es financeira­s, o instituto vai colocar, em breve, os primeiros 125 licenciado­s no mercado de trabalho.

Sobre o valor das propinas, a ministra do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação disse ser ainda desconheci­do, porque o estudo feito sobre o assunto ainda não está concluído

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MARIA AGUGUSTA | EDIÇÕES NOVEMBRO Ministra disse que na UAN os estudantes do período pós-laboral pagam propinas

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