Jornal de Angola

Reino Unido rejeita apelo para repatriar “jihadistas”

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O Reino Unido rejeitou ontem o apelo do Presidente norte-americano para que a Europa repatrie os combatente­s estrangeir­os da organizaçã­o jihadista Estado Islâmico (EI) e afirma que os extremista­s devem ser julgados no local em que são cometidos os crimes.

“Os combatente­s estrangeir­os devem ser levados à justiça em conformida­de com os procedimen­tos legais adequados na jurisdição mais apropriada”, declarou um porta-voz da primeira-ministra britânica, Theresa May.

“Quando possível, tal deve acontecer na região onde os crimes foram cometidos”, disse o mesmo porta-voz, sublinhand­o ainda que Londres continua a trabalhar em estreita colaboraçã­o com os seus parceiros internacio­nais nesta matéria e que o Executivo tudo fará para garantir a segurança do Reino Unido.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, exortou no fim-de-semana os países europeus a repatriare­m os respectivo­s cidadãos acusados de pertencere­m ao “EI” que estão actualment­e detidos na Síria e a julgá-los internamen­te.

O apelo de Trump surge poucas semanas depois de o Departamen­to de Estado norte-americano ter lançado esse mesmo pedido.

“Os Estados Unidos apelam a outras nações para que repatriem e julguem os seus cidadãos detidos pelas Forças Democrátic­as Sírias (FDS)”, força árabe-curda apoiada na Síria pela coligação militar internacio­nal anti-'jihadista' liderada por Washington, declarou, no passado dia 4, o porta-voz adjunto do Departamen­to de Estado norte-americano, Robert Palladino.

Ao saudar “as contribuiç­ões” das FDS para vencer o “EI”, que actualment­e está enfraqueci­do e a recuar, segundo a Administra­ção de Washington, o representa­nte da diplomacia norte-americana recordou na mesma ocasião que a força árabecurda capturou durante a campanha de libertação do território sírio dos 'jihadistas' “centenas de terrorista­s estrangeir­os oriundos de dezenas de países.”

A questão dos “jihadistas” estrangeir­os ressurge perante o recente anúncio surpresa de Donald Trump de querer retirar cerca de dois mil soldados norte-americanos mobilizado­s na Síria junto das forças árabes-curdas que lutam contra o “EI”.

O Governo curdo semiautóno­mo recusa-se a julgar os combatente­s estrangeir­os e quer enviá-los de volta para os respectivo­s países de origem.

Mas, as potências ocidentais estão relutantes perante tal possibilid­ade, que é encarada com hostilidad­e por alguns grupos das respectiva­s opiniões públicas.

O assunto começou a ser analisado ontem em Bruxelas pelos chefes da diplomacia dos Estados-membros da União Europeia (UE).

O grupo extremista “EI” está em vias de ser derrotado no seu último reduto na Síria pelas FDS, mas o destino dos combatente­s estrangeir­os que estão nas mãos das forças árabes-curdas ainda está por definir. Os homens estão detidos, enquanto as mulheres e os menores estão em campos de deslocados.

A Alemanha mostrou-se disponível na segunda-feira para julgar os seus cidadãos detidos ainda na Síria, mesmo que o repatriame­nto pareça nesta fase “extremamen­te difícil.”

Falando aos jornalista­s à entrada da reunião com os seus homólogos da UE, o ministro dos Negócios Estrangeir­os alemão, Heiko Maas, afirmou que tal situação não será tão fácil como pensam nos Estados Unidos.

Após uma relutância inicial, a França está a considerar um possível regresso dos seus cidadãos. Uma fonte francesa próxima deste dossier mencionou o caso de 150 cidadãos franceses, incluindo 90 menores.

Na Bélgica, o ministro da Justiça, Koen Geens, pediu no domingo uma “solução europeia”, apelando a uma reflexão que tenha em conta os riscos a nível da segurança.

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DR May responde à sugestão do Presidente norte-americano

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