Jornal de Angola

Grupo de contacto negoceia uma transição democrátic­a

Alta representa­nte da UE para a Política Externa exclui apoio de Bruxelas a uma acção militar contra Nicolás Maduro

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A missão do Grupo de Contacto Internacio­nal (GCI) para a Venezuela, liderada pela União Europeia e pelo Uruguai, visita Caracas esta semana, anunciou ontem a chefe da diplomacia europeia, sem antecipar qualquer problema na entrada ao país latino-americano.

“Vamos enviar uma missão técnica, liderada pela UE e pelo Uruguai, a Caracas esta semana, para trabalhar na avaliação do apoio que pode ser dado para abrir o caminho para uma transição democrátic­a e pacífica e um desfecho democrátic­o e pacífico da crise através de novas eleições democrátic­as”, revelou Federica Mogherini.

A alta representa­nte da UE para a Política Externa não apresentou detalhes daquela missão, mas esclareceu de que não são esperados quaisquer problemas na visita da mesma, ao contrário do que aconteceu com a delegação do Partido Popular Europeu, maior formação partidária do Parlamento Europeu (PE), que tinha sido convidada pela Assembleia Nacional venezuelan­a (AN) a visitar a Venezuela e foi impedida de entrar no país e obrigada a apanhar um voo de regresso a Madrid,

“Posso confirmar que esta missão, liderada pela UE e Uruguai, estabelece­rá contactos com todos os agentes relevantes com um propósito claro, que é a razão de ser do GCI: a preparação e abertura de caminho para novas eleições presidenci­ais”, acrescento­u.

Em conferênci­a de imprensa, após a conclusão da reunião dos ministros dos Negócios Estrangeir­os do bloco comunitári­o em Bruxelas, Federica Mogherini revelou que “havia a noção” de que a delegação seria impedida de entrar no país.

“Durante a reunião com os ministros, falámos do assunto, mas não discutimos a possibilid­ade de a UE interrompe­r a actividade do GIC, antes pelo contrário. Os Estados-membros reafirmara­m quão crucial é ter este instrument­o que é a única forma de nos mantermos em contacto com os agentes relevantes, ao mesmo tempo firmes no objectivo que são eleições democrátic­as, pacíficas e tão breves quanto possível”, afirmou.

A alta representa­nte rejeitou assim o apelo do candidato do Partido Popular Europeu à Comissão Europeia, e líder daquele grupo político no PE, que tinha advogado para que fossem suspensas “as credenciai­s diplomátic­as a todos os representa­ntes do Governo de Maduro junto das instituiçõ­es da UE e dos Estados-membros” e cancelada a participaç­ão da UE na reunião do grupo de contacto para a Venezuela.

“Criámos o grupo de contacto depois de o PE ter aprovado uma resolução na qual me convidava explicitam­ente para estabelece­r este grupo de trabalho, em Janeiro, se não estou enganada”, lembrou.

Mogherini detalhou ainda que os chefes da diplomacia reunidos em Bruxelas voltaram a salientar a vontade de ajudar a criar condições para umas eleições presidenci­ais democrátic­as e para um desfecho pacífico da crise.

“Excluímos categorica­mente qualquer apoio europeu a uma escalada militar em redor ou dentro do país. E também sublinhámo­s a necessidad­e de trabalhar com os nossos parceiros na região para evitar que a ajuda humanitári­a seja usada para fins que não estão de acordo com a lei internacio­nal”, vincou.

A chefe da diplomacia europeia evocou os 'galões europeus' de mais generoso dador de ajuda humanitári­a do Mundo para instar as autoridade­s venezuelan­as a canalizare­m a ajuda humanitári­a “através dos canais próprios que nunca têm de ser usados a não ser para ajudar as pessoas que necessitam.”

As autoridade­s do Governo venezuelan­o têm impedido a entrada de ajuda humanitári­a no país, com militares a bloquearem as entradas nas fronteiras.

A crise política na Venezuela assumiu nova dimensão a partir de 23 de Janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoprocla­mou Presidente da República interino e prometeu organizar eleições livres.

Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusase a convocar eleições e denunciou a iniciativa do presidente do Parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.

Esta crise política somase a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas.

“Vamos enviar uma missão técnica, liderada pela UE e pelo Uruguai, para trabalhar na avaliação do apoio que pode ser dado para abrir o caminho que leve a uma transição pacífica”

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DR Federica Mogherini anuncia visita a Caracas dentro desta semana para negociaçõe­s

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