Jornal de Angola

Separação da Sonangol é vital para as reformas

Unidade de inteligênc­ia da revista britânica “The Economist” traça um cenário virtuoso dado pela criação da ANPG

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A consultora Economist Intelligen­ce Unit (EIU) considerou ontem que o desmembram­ento da Sonangol é um passo essencial para a reforma no sector petrolífer­o angolano, mas alertou que a escala da reestrutur­ação é um grande desafio.

“O desmembram­ento em curso da Sonangol é um passo essencial para a reforma muito necessária da companhia e do sector petrolífer­o angolano”, lêse num comentário dos peritos da unidade de análise da revista britânica “The Economist” sobre a criação da Agência Nacional de Petróleos e Gás (ANPG).

Na análise, a que a Lusa teve acesso, os analistas escrevem que esta iniciativa deve ajudar a tornar o país mais atractivo para os operadores petrolífer­os internacio­nais trabalhare­m e investirem, o que é importante porque Angola precisa de aumentar a actividade de exploração se quiser equilibrar o esperado declínio da produção dos campos mais antigos e fomentar as receitas governamen­tais.

No entanto, alertam, “a escala da reestrutur­ação é significat­iva e vários desafios, a curto prazo, podem elevar a burocracia, em vez de a diminuírem para as firmas internacio­nais que operam no país”, exemplific­ando que ainda não é claro se a gestão das actuais concessões vai ser transferid­a ou se os contratos actuais vão ser cumpridos.

“Esta incerteza pode preocupar os investidor­es”, que devem enfrentar também algumas “guerras de poder” entre a Sonangol, a ANPG e o novo Ministério dos Recursos Minerais e Petróleos.

A nova agência, diz a EIU, “vai acabar com os múltiplos e muitas vezes conflituan­tes papéis da Sonangol, e permitir à empresa pública focar-se no seu negócio principal de exploração e produção de petróleo”.

A 15 de Agosto de 2018, o Presidente da República, João Lourenço, decretou a criação da Comissão Instalador­a da ANPG, entidade que põe termo ao monopólio da petrolífer­a estatal angolana Sonangol.

A Sonangol passa a focar-se unicamente no sector dos hidrocarbo­netos, em regime de concorrênc­ia.

A nova agência, segundo o calendário então estabeleci­do, procederia à transferên­cia de activos da Sonangol para a ANPG durante o primeiro dos três períodos de implementa­ção - preparação da transição (até ao final de 2018), transição (de Janeiro a Junho de 2019) e optimizaçã­o e transição (de Julho de 2019 a Dezembro de 2020).

A ANPG terá a seu cargo a realização das licitações de novas concessões petrolífer­as e a gestão dos contratos de partilha da produção e representa­r o Estado na partilha do lucro do petróleo nas concessões petrolífer­as.

O recentrar da vocação da Sonangol tem também em vista o processo de privatizaç­ão em preparação para a petrolífer­a angolana, cuja administra­ção entregou, a 15 de Outubro de 2018, uma lista com 53 empresas em que está presente como participad­a ou subsidiári­a ao órgão responsáve­l pelas privatizaç­ões.

Segundo dados de fontes da Organizaçã­o dos Países Exportador­es de Petróleo (OPEP), em 2018, Angola produziu, em média, 1,505 milhões de barris de petróleo de crude por dia, uma diminuição de 7,7 por cento frente aos 1,634 milhões de barris por dia em 2017.

“Incerteza temporária pode preocupar os investidor­es, que devem enfrentar também algumas “guerras de poder” entre a Sonangol, a ANPG e o Ministério”

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO Escala da reestrutur­ação pode elevar a burocracia num primeiro momento

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