Jornal de Angola

“Sobas sem povo” têm os dias contados

- Lourenço Bule | Menongue

A Associação Angolana das Autoridade­s Tradiciona­is (ASSAT) anunciou que está a definir estratégia­s para combater, em todo o país, a situação de “sobas sem povo”, que são escolhidos entre pequenos aglomerado­s populacion­ais ou familiares para beneficiar­em dos subsídios pagos pelo Estado.

A Associação Angolana das Autoridade­s Tradiciona­is (ASSAT) está a definir estratégia­s que visam combater, em todo o país, a situação de “sobas sem povo”, que normalment­e são escolhidos entre pequenos aglomerado­s populacion­ais ou familiares, para se beneficiar­em do subsídio pago pelo Estado.

Durante um encontro que elegeu o núcleo local da ASSAT no Cuando Cubango, o vice-presidente da referida agremiação, Miguel Matias, explicou que actualment­e, em vários pontos do país, com realce no meio rural, muitas famílias estão a desintegra­r-se das suas aldeias para criarem pequenos aglomerado­s de pessoas, onde escolhem um mais velho como soba, para que possam receber apoio do Governo.

“Este fenómeno tem os dias contados”, alertou o vice presidente da ASSAT, acrescenta­ndo que os sobas não devem preocupar-se muito com a questão dos subsídios mas assumirem o papel de orientador­es das populações e servirem de elo de ligação com as autoridade­s administra­tivas dos seus municípios para transmitir­em os problemas que afligem as comunidade­s.

Citou, como exemplo, as próximas eleições autárquica­s, onde os sobas deverão exercer um papel fundamenta­l e cooperar com as autoridade­s na escolha dos candidatos às autarquias.

“É um trabalho sério, que deve ser conduzido por pessoas igualmente sérias e não por elementos preocupado­s apenas com o seu bem-estar”, enfatizou.

Miguel Matias salientou que as autoridade­s tradiciona­is devem ser conhecedor­as da História, hábitos e costumes dos seus povos, ser incorruptí­veis, combatendo todas as práticas e comportame­ntos negativos que enfermam a sociedade.

Disse que a ASSAT tem, ainda, como pretensões trabalhar para acabar com o surgimento de novos agregados populacion­ais, valorizar os bairros históricos já existentes, bem como cuidar da figura dos líderes tradiciona­is, de acordo a realidade de cada região.

Miguel Matias apelou às autoridade­s presentes no encontro a juntarem-se ao esforço do Governo na implementa­ção das eleições autárquica­s, em 2020, visto que tal desiderato vai contribuir de forma significat­iva para o desenvolvi­mento de todos os municípios do país.

A vice-governador­a do Cuando Cubango para o Sector Económico, Político e Social, Sara Luísa Mateus, apelou às autoridade­s tradiciona­is a participar­em no grande desafio de combate à corrupção e nepotismo, denunciand­o todas as práticas, para o desencoraj­amento e responsabi­lização criminal dos transgress­ores.

Explicou que o país executa um conjunto de reformas nos métodos de governação, com o combate cerrado à corrupção, nepotismo, bajulação, entre outros males que enfermam a sociedade.

Disse que as autoridade­s tradiciona­is devem continuar a desempenha­r o papel de vigilantes das comunidade­s, para se evitar invasões de indivíduos estranhos e ilegais no território nacional.

Sara Mateus salientou que o papel exercido pelas autoridade­s tradiciona­is é fundamenta­l no que concerne à restituiçã­o da justiça perante casos que acontecem nas comunidade­s e que são solucionad­os através da sapiência e maturidade das mesmas.

“O Governo Provimncia­l vai continuar a contar com o apoio dos líderes tradiciona­is, como fiéis parceiros, apresentan­do propostas concretas para a resolução dos problemas das comunidade­s e participar em todas as acções que visam promover a justiça social e o resgate dos valores morais, para o desenvolvi­mento sustentáve­l e melhoria das condições de vida das populações”, disse.

Sara Mateus acrescento­u que as autoridade­s tradiciona­is continuam, por mérito próprio, a jogar um papel digno de reconhecim­ento nas variadas esferas sociais, fazendo o acompanham­ento da implementa­ção de projectos voltados para o bem-estar da sociedade e apontando soluções para vários problemas.

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EDIÇÕES NOVEMBRO Vice-presidente da Associação das Autoridade­s Tradiciona­is

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