CARTAS DOS LEITORES
Reconhecimento dos estudos
O reconhecimento dos certificados de estudos feitos em Angola, em instituições públicas e privadas, constitui um teste aos esforços de desburocratização das instituições. Há dias, fiquei preocupado e até certo sentido comovido pelas declarações de uma compatriota, conterrânea aqui de Benguela, que disse estar agastada pelo facto de não ter conseguido reconhecer até hoje os seus documentos dos estudos.
Não faz sentido que uma instituição sustentada com fundos públicos leve meses, às vezes anos, para homologar estudos feitos por angolanos. Vezes há que as pessoas têm urgência em ver os seus documentos estudantis reconhecidos e não faz sentido absolutamente nenhum, numa fase em que está tudo informatizado e ao passo de um clic, que as instituições levem demasiado tempo. Escrevo estas linhas a propósito do desnecessário tempo que a instituição sedeada na cidade do Kilamba leva para autenticar documentos dos estudos efectuados aqui no país. Espero que a entidade de direito e de tutela da instituição que tem a atribuição e função de reconhecer e autenticar os documentos dos estudos feitos nas instituições nacionais tenham sensibilidade para rever todo um estado de coisas que não ajuda a ninguém. Acho que as instituições da educação deviam estar descentralizadas e as outras 17 províncias deviam ter entidades locais que representem o instituto nacional que faz o reconhecimento dos diplomas e certificados. Não faz qualquer sentido que numa altura em que se fala de descentralização e desconcentração, continue a vigorar em muitas instituições um centralismo ao nível do seu funcionamento que em nada ajudam o país. Como é que as 17 províncias de Angola têm de enviar documentos para Luanda para o simples reconhecimento dos estudos das pessoas que lá se encontrem e lá tenham estudado? FILIPE FONSECA Lobito
Gás butano
Há falta de gás butano na cidade de Luanda, uma realidade que se pode notar com relativa facilidade nos bairros periféricos da cidade capital. Nunca as pessoas fizeram "longas marchas" em busca do combustível que permite o funcionamento do fogão para a confecção dos alimentos. Não sei se a Sonangol Distribuidora já fez algum pronunciamento, se está a haver a velha prática de açambarcamento ou se efectivamente a procura é que aumentou, de forma natural. O que é facto é que o gás deixou de estar acessível e a preços comportáveis, como outrora, realidade que deixa transparecer a falta do referido líquido. Inclusive as carrinhas que, em vários bairros, passam fazendo anúncio da venda de gás e, às vezes de botija, deixaram de passar, dando a clara ideia de que há mesmo falta do hidrocarboneto mais usado nas nossas casas. Era bom que as empresas distribuidoras do gás viessem a público para explicar exactamente o que se está a passar em vez de deixarem que o vazio venha depois a ser ocupado pela especulação. É igualmente recomendável que os agentes da Polícia Económica saiam para o competente trabalho de vistoria e inspecção para se certificarem de que não está a haver retenção propositada do produto para provocar a escassez aumentar a procura e consequentemente levar à especulação. Não estamos bem porque se a lógica é corrigir o que está mal, parece que nem estamos ainda a começar. ELEUTÉRIO FERNANDES Precol