Moçambique acusa EUA de falta de cooperação
A procuradora-geral da República de Moçambique, Beatriz Buchili, disse ontem que os EUA não responderam aos pedidos de informação no âmbito das chamadas Dívidas Ocultas, apesar de parte das transacções terem sido feitas no território norte-americano.
“Quanto aos Estados Unidos da América, não obstante a articulação estabelecida com as autoridades daquele país, não obtivemos respostas aos quesitos formulados nas cartas rogatórias”, declarou Beatriz Buchili, segundo a Lusa, quando prestava, na Assembleia da República, informações sobre a actividade da Procuradoria-Geral da República de 2018.
As autoridades de Moçambique e dos Estados Unidos estão a investigar, em processos paralelos, o caso das Dívidas Ocultas e fizeram pedidos de extradição separados do antigo ministro das Finanças Manuel Chang, que se encontra na África do Sul. A magistrada insistiu na necessidade de cooperação judiciária com os EUA, porque alguns arguidos receberam subornos a partir de transacções feitas em território norte-americano.
Beatriz Buchili afirmou ainda que Moçambique não recebeu igualmente respostas às cartas rogatórias expedidas para os Emirados Árabes Unidos, onde estão sediadas as empresas fornecedoras de bens e serviços que receberam os empréstimos concedidos através de dívidas não declaradas nas contas do Estado.
A procuradora-geral da República assinalou que nove pessoas estão detidas em Moçambique no âmbito do referido processo, de um total de 28 arguidos, entre os quais o antigo ministro e actual deputado da Assembleia da República Manuel Chang.
O grupo de construção naval Privinvest foi contratado por Moçambique para projectos marítimos avaliados em mais de 2 biliões de dólares para os quais o país obteve empréstimos em 2013 e 2014 e que viria a esconder do Parlamento e dos doadores, como o Fundo Monetário Internacional (FMI).