Jornal de Angola

Ministro das Finanças deixa cargo por “irregulari­dades”

- Victor Carvalho

O Governo da Guiné Equatorial, por decisão do Presidente Teodoro Obiang Nguema, trocou de titular da pasta das Finanças, Economia e Planeament­o, demitindo Lucas Nchama por alegadas “irregulari­dades” cometidas durante o seu exercício de funções e fazendo subir o até agora secretário de Estado do mesmo ministério, numa altura em que as autoridade­s do Chade anunciaram a libertação de um dos líderes da oposição ao regime equato-guineense, detido no país desde o dia 11 deste mês

Através de decretos publicados no boletim oficial da Guiné Equatorial, o Presidente Teodoro Obiang Nguema acaba de demitir Lucas Abaga Nchama do cargo de ministro das Finanças, Economia e Planeament­o por alegadas “irregulari­dades” cometidas no exercício das suas funções.

“Por irregulari­dades cometidas no desempenho das suas funções e utilizando as competênci­as que me confere o artigo 41, alínea h) da Lei Fundamenta­l do Estado, venho estabelece­r a demissão de Lucas Abaga Nchama do cargo de ministro das Finanças, Economia e Planeament­o”, lê-se no decreto assinado por Teodoro Obiang Nguema e divulgado pela imprensa local.

Na sequência desta demissão, o Presidente da Guiné Equatorial decidiu, também por decreto, nomear César Augusto Mba Abogo, que era secretário de Estado do Ministério das Finanças, Economia e Planeament­o, para ocupar o cargo de titular da pasta.

Antigo governador do Banco dos Estados da África Central (BEAC), Lucas Abaga Nchama chegou a ser oficialmen­te condecorad­o pelo Governo dos Camarões.

Por sua vez, César Augusto Mba Abogo, que começou funções como secretário de Estado em 2013, foi o principal responsáve­l pelo programa de desenvolvi­mento económico “Guiné Equatorial Horizonte 2020” e desempenho­u durante dois anos a função de director-geral da economia do petróleo no Ministério das Minas, Indústria e Energia.

Opositor guineense libertado no Chade

O secretário-geral do partido equato-guineense Convergênc­ia para a Democracia Social (CPDS), Andres Esono Ondo, preso no dia 11 no Chade, foi ontem libertado e está a caminho de Malabo, disseram fontes policiais e familiares à agência de notícias francesa AFP.

“Libertámos o opositor equato-guineense, que decidiu regressar a casa em Malabo e já apanhou o voo desta manhã para Douala”, disse ontem uma fonte policial à AFP.

Esono Ondo foi detido a caminho do congresso do principal partido da oposição do Chade, a União Nacional para a Democracia e a Renovação (UNDR), na província de Guera, no centro do país.

Pouco tempo depois, Malaboacus­ou-odetercomo“único objectivo a aquisição de armas e munições e o recrutamen­to de terrorista­s para levar a cabo um golpe de Estado na Guiné Equatorial com financiame­nto estrangeir­o.” Na segunda-feira, o partido Convergênc­ia para a Democracia Social (CPDS) condenou a detenção do seu secretário-geral, Esono Ondo, por se tratar de um “rapto sem justa causa feito pelas autoridade­s chadianas.”

Em 2015, Andres Esono Ondo foi acusado de ter recrutado uma pessoa com a doença de ébola para introduzir o vírus na Guiné Equatorial por ocasião da Taça Africana das Nações (CAF), mas foi libertado depois de estas acusações terem sido considerad­as falsas e fabricadas por familiares de elementos ligados ao regime equato-guineense.

A Guiné Equatorial tem tido uma história turbulenta de golpes e tentativas de golpes desde a sua independên­cia da Espanha, em 1968, e é frequentem­ente criticada nos relatórios das organizaçõ­es internacio­nais de direitos humanos.

Andrés Esono Ondo é um dos poucos opositores que vivem no país e chegou a ser o único deputado da oposição eleito no congresso de deputados, totalmente controlado pelo partido da maioria.

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DR Lucas Abaga Nchama visado num decreto assinado pelo Presidente Teodoro Obiang Nguema

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