Falta de combustível favorece especulação
A falta de combustível em quase todos os postos de venda da cidade de Saurimo, província da Lunda-Sul, compromete a prestação de serviços e acentua a crise vivida por automobilistas, usuários de geradores e aparelhos afins, resignados aos preços especulativos do mercado informal.
O gasóleo, no topo da procura, justificou, até ontem, as filas de camiões à entrada do posto de venda Diamante, afecto à Pumangol. A aflição é notada nas impressões colhidas aos condutores, comprometidos com os prazos de entrega de mercadorias.
Sentado ao lado da plataforma e estacionado há três dias numa das faixas de acesso às bombas do bairro Candembe, à entrada da cidade de Saurimo, Aldinoca de Oliveira está a sofrer para reabastecer o camião e regressar a Luanda, depois de entregar a carga que transportou.
“Está mal”, desabafou o camionista, desesperado com uma série de preocupações manifestadas ao telefone pela família.
As crises cíclicas de falta de combustíveis, geridas durante sete anos de actividade como mototaxista, consolidaram a experiência de Ernesto Kapule. No passado chegou mesmo a pagar entre Akz 500 a 700 por litro de gasolina, contra os 250 cobrados actualmente no mercado paralelo.
Para chegar à sua oficina, o mecânico Yanic Francisco pagou a um camionista, que vendeu parte da sua reserva para cobrir outras despesas, Akz 3000 por 20 litros de gasóleo. O seu ajudante desembolsou, pela mesma quantidade, Akz 4.500 a favor de uma revendedora junto ao mercado de Txicumina, arredores da cidade de Saurimo.
O Jornal de Angola contactou cinco gestores de postos de abastecimento de combustíveis para esclarecerem as razões da quebra de stock, sobretudo de gasóleo. Todos rejeitaram, por alegada falta de autorização do superior hierárquico.
Alguns funcionários que aceitaram falar sob anonimato apontam que os atrasos na regularização de dívidas junto de fornecedores em Malanje e Luanda estão na origem da crise de combustíveis na Lunda-Sul.