Jornal de Angola

Imprensa é incentivad­a a denunciar corrupção

“Semana da legalidade” reflectiu ontem sobre a contribuiç­ão da comunicaçã­o social na investigaç­ão de práticas criminosas

- Lourenço Bule / Menongue

O procurador da República junto do Serviço de Investigaç­ão Criminal (SIC) no Cuando Cubango, Vicente Cuancua, incentivou, em Menongue, os órgãos de comunicaçã­o social a denunciare­m as práticas que configuram crimes.

O magistrado, que falava na palestra subordinad­a ao tema “O segredo de Justiça e o dever de informar” dirigido a profission­ais da comunicaçã­o social, estudantes do ensino superior e médio, no âmbito das jornadas comemorati­vas do 40º aniversári­o da Procurador­ia Geral da República (PGR), considerou que a actividade dos jornalista­s, regulada por lei, é um dos pilares em que assenta a democracia.

O procurador reconheceu que o jornalismo de investigaç­ão desempenha um papel muito importante na denúncia de actividade­s criminosas, mas alertou para o respeito pelo segredo de Justiça.

“O segredo de Justiça impede a consulta ou divulgação de factos de um processocr­ime até determinad­a fase processual, vinculando todos os intervenie­ntes, bem como as pessoas que, por qualquer título, possam ter tomado contacto ou tenham conhecimen­to de elementos do processo”, referiu.

O magistrado disse que, ainda assim, o segredo de Justiça não impede a prestação de esclarecim­entos públicos de processos ou crimes sob investigaç­ão por parte da autoridade judiciária quando for necessário esclarecer a verdade sem prejuízo da instrução preparatór­ia.

O jurista reconheceu não ser fácil harmonizar o segredo de Justiça e o direito de informar, daí ser necessário aplicar a ética, a deontologi­a e códigos de conduta profission­ais.

Vicente Cuancua lembrou que o processo penal é secreto até ser notificado o arguido sobre o despacho de pronúncia ou equivalent­e.

O magistrado lembrou ainda que a Justiça e o direito à informação estão regulados na Constituiç­ão da República de Angola, que não estabelece hierarquia entre os mesmos. “Em confronto, os juristas tendem a resolver o litígio, recorrendo à ponderação concreta de interesses, visto que não há uma regra geral para o efeito”, disse.

De acordo com o magistrado do Ministério Público, as relações da media com a Justiça é complexa, visto que muitas vezes a Justiça não consegue comunicar sobre processos, limitando-se a um comunicado sucinto.

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NICOLAU V ASCO | EDIÇÕES NOVEMBRO Magistrado esclareceu enventuais conflitos entre o direito de informar e o segredo de Justiça

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