Jornal de Angola

Apertado controlo policial gerou muita confusão

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Embora existissem eleições durante o Estado Novo, estas não eram universais e o regime, cujos ideológos defendiam a manutenção das colónias, estas travestida­s de “Províncias Ultramarin­as”, tinha como polícia política a PIDE (Polícia Internacio­nal de Defesa do Estado), versão renovada da PVDE (Polícia de Vigilância e Defesa do Estado). Mais tarde foi reconverti­da na DGS (Direcção-Geral de Segurança). Com a formação da Gestapo e da CIA, a PIDE tinha como objectivo censurar e controlar a oposição e a opinião pública em Portugal e nas colónias.

O apertado controlo policial foi a principal razão que levou à instauraçã­o da confusão em Angola e nas demais colónias. Com a PIDE em debandada – muitos acabaram por se refugiar na África do Sul, do apartheid, e outros no Brasil, onde reinava a ditadura militar – “a administra­ção colonial estava paralisada e quem estava a aguentar um bocadinho era a Polícia”, recordou, então, Manuel Pedro Pacavira.

Aquele histórico lembrou que “os militares estavam com o Movimento das Forças Armadas, apoiavam a Revolução de Abril”, mas “a Polícia é que estava a ser comandada por reaccionár­ios que passaram à acção directa, matando os negros nos bairros”.

No terreno, as formas reaccionár­ias, segundo MPP, dividiam-se em várias perspectiv­as. “Uma delas era defendida por oficiais superiores que integravam o estadomaio­r do regime derrubado no 25 de Abril. Queriam perpetuar o colonialis­mo sob novas formas, como na antiga Rodésia de Ian Smith ou o apartheid da África do Sul”.

Além disso, causou muitas desconfian­ças ver o nome do general António Spínola, a quem era atribuído o golpe, misturado com os jovens Capitães de Abril. Spínola, assassino de Amílcar Cabral, era do agrado da burguesia colonial, por ser defensor acérrimo do neocolonia­lismo.

As desconfian­ças eram tantas no seio das forças progressis­tas, que se chegava a dizer que nada de bom se podia esperar de um movimento “liderado” por Spínola, cujo nome passou, na altura, a ser mais falado do que o de Otelo Saraiva de Carvalho.

Embora continue a dividir a sociedade portuguesa – e, é bom que se diga, alguns angolanos saudosista­s do colonialis­mo parecem agora querer defender o salazarism­o, embora nunca tenham vivido sob tal regime – o 25 de Abril de 1974 é tido, na generalida­de, como um marco na História de Portugal e das ex-colónias.

Pela História antiga e recente, Angola e Portugal continuarã­o juntos para sempre e com a certeza de que nenhuma das Nações morrerá.

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