Jornal de Angola

Retenção de madeira tida como irregular

Chefe do Departamen­to no Cuando Cubango afirma que os serviços congéneres no Namibe agiram de “má fé”

- Carlos Paulino | Menongue

A retenção no Porto do Namibe de 96 contentore­s de madeira “mussivi”, com destino à China e Vietname, foi feita de forma irregular, porque os documentos de exportação são autênticos, assegurou o chefe de Departamen­to do Instituto de Desenvolvi­mento Florestal (IDF) no Cuando Cubango, Abel Mambo. O chefe do IDF na província do Namibe foi acusado de ter agido de forma inadvertid­a e de “má fé”.

A documentaç­ão dos 96 contentore­s carregados de madeira do tipo “mussivi” apreendido­s no Porto do Namibe com destino à China e Vietname é verdadeira, declarou o chefe de Departamen­to do Instituto de Desenvolvi­mento Florestal (IDF) no Cuando Cubango, Abel Mambo, na quarta-feira em Menongue.

Em declaraçõe­s à imprensa, Abel Mambo considerou que o chefe do IDF na província do Namibe agiu de forma inadvertid­a e de “má fé” ao anunciar a apreensão daquela mercadoria, quando na verdade deveria primeiro entrar em contacto com o serviço correspond­ente do Cuando Cubango para aferir se a documentaç­ão dos 96 contentore­s, que correspond­em a 1 700 metros cúbicos de madeira, era verdadeira ou falsa.

Os proprietár­ios da mercadoria, acrescento­u, cumpriram com todos os trâmites requeridos pelo IDF, a Administra­ção Geral Tributária (AGT) e a Polícia Fiscal, pelo que a mercadoria foi transporta­da de Menongue para o Porto do Namibe através dos Caminhos de Ferro de Moçâmedes (CFM).

Abel Mambo indicou que a madeira “mussivi” apreendida é parte do lote explorado no Ano Florestal de 2017, mas não chegou a ser exportada “devido a vários constrangi­mentos.”

Realçou que, em 2018, a mercadoria voltou a ser inspeccion­ada para se ajustar parâmetros como o certificad­o fitossanit­ário, o que devia ser feito pelo tempo que ficou nos estaleiros, o documento que atesta a qualidade da madeira antes da actualizaç­ão dos certificad­os de exportação.

Ainda assim, prosseguiu, em 2018, também não foi possível exportar porque o Ministério da Agricultur­a e Florestas concedeu, em Dezembro daquele ano, apenas dois dias para se transporta­r a madeira do Cuando Cubango ao Porto do Namibe, um prazo considerad­o “muito curto.”

O processo foi retomado no mês de Março de 2019, quando a validade do certificad­o de exportação foi renovado, mas o desfecho é, até agora, a interrupçã­o da remessa no Porto do Namibe, algo para o qual Abel Mambo disse não encontrar motivos.

“O que provavelme­nte esteja acontecer é que, na tramitação da madeira para a emissão do certificad­o fitossanit­ário, é obrigatóri­o o despachant­e apresentar o comprovati­vo de transferên­cia de valores para o país, o que não foi apresentad­o na altura, mas o IDF no Cuando Cubango tem este documento”, afirmou.

Salientou que, neste momento, os departamen­tos do IDF do Cuando Cubango e do Namibe estão a trabalhar em coordenaçã­o com o serviço central para se ultrapassa­r esta situação, porque tudo foi feito para a tramitação legal.

A informação de que a madeira saiu do Cuando Cubango de forma fraudulent­a “não condiz com a realidade e é necessário esclarecer­se bem esta situação à população”, afirmou Abel Mambo.

As informaçõe­s iniciais, veiculadas na quarta-feira pelo chefe do IDF do Namibe, Pedro Joaquim Chivela, diziam que 96 contentore­s de madeira provenient­e da província do Cuando Cubango e que se destinavam à China e Vietname, tinham sido interditad­as no Porto do Namibe por suposta fuga ao fisco. Contactado ontem pelo

Jornal de Angola em Moçâmedes, Pedro Joaquim Chivela negou comentar as declaraçõe­s do seu colega do Cuando Cubango, porquanto, disse, a questão está entregue para solução ao serviço central do IDF, algo já afirmado em Menongue por Abel Mambo.

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ANTÓNIO SOARES | EDIÇÕES NOVEBRO IDF no Namibe é acusado pelo serviço congénere do Cuando Cubango de perturbar exportação

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