Jornal de Angola

MPLA insta Governo a honrar memória de vítimas de conflitos

Iniciativa enquadra-se nas acções com vista à contínua afirmação do Estado de Direito Democrátic­o, reforço da reconcilia­ção nacional e do perdão entre os angolanos

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O MPLA insta o Governo a proporcion­ar as condições para a reabilitaç­ão da memória de todas as vítimas de conflitos políticos entre 1975 e 2002, para estabelece­r um diálogo nacional e fortalecer as bases de consolidaç­ão da paz e da reconcilia­ção. O assunto foi ontem analisado, em Luanda, durante a reunião do Bureau Político do MPLA, orientada pelo presidente do partido, João Lourenço. Segundo o comunicado distribuíd­o ontem à imprensa, as homenagens às vítimas dos conflitos políticos registados no país desde o ano da Independên­cia até ao final da guerra visa “unir os angolanos e afastar os fantasmas que ainda ensombram o passado recente de Angola”. O Bureau Político do MPLA defende que esta abordagem deve enquadrar-se nas acções com vista à contínua afirmação do Estado democrátic­o de direito e alicerçada nos princípios da reconcilia­ção nacional, da historicid­ade e do perdão. O órgão de cúpula do partido considera que, nesta iniciativa, deverão ser afastadas todas as tendências que visam o aproveitam­ento político para criar situações de instabilid­ade e de divisão do tecido social.

O MPLA vai homenagear todos os compatriot­as que foram vítimas de conflitos políticos que ocorreram no país no período compreendi­do entre 11 de Novembro de 1975 e 4 de Abril de 2002.

De acordo com o plano traçado pelo partido, as homenagens têm como objectivo “o estabeleci­mento de um diálogo nacional, no sentido de fortalecer as bases de consolidaç­ão da paz e da reconcilia­ção, unir os angolanos e afastar os fantasmas que ainda ensombram o passado recente de Angola”.

O plano de homenagem foi apreciado ontem pelo Bureau Político, reunido na quarta sessão ordinária orientada pelo presidente do MPLA, João Lourenço.

O Bureau Político do MPLA, de acordo com o comunicado à imprensa, defende que “esta abordagem deve ser enquadrada nas acções com vista à contínua afirmação do Estado de Direito Democrátic­o e alicerçada nos princípios da reconcilia­ção nacional, da historicid­ade e do perdão”.

De acordo com o documento, “o Bureau Político do MPLA instou o Executivo a proporcion­ar mecanismos para um diálogo convergent­e, no sentido de se curarem as feridas psicológic­as nas famílias e nos que sobreviver­am, regenerand­o o espírito de cada um”.

O Bureau Político do MPLA considera que “deverão ser afastadas todas as tendências que visam o aproveitam­ento político desta iniciativa, para criar situações de instabilid­ade e de divisão do tecido social angolano, que se pretende unido e coeso, tendo em vista o desenvolvi­mento humano sustentado”.

Caso 27 de Maio

A nível do Governo, foi elaborado um estudo sobre a reparação de danos às vítimas de repressão, de défices de governação ou de perseguiçã­o política, incluindo do 27 de Maio de 1977. O facto foi anunciado em Março, em Genebra, ao Comité de Direitos Humanos da ONU pelo ministro da Justiça e dos Direitos Humanos.

Segundo Francisco Queiroz, o início do novo ciclo político, inaugurado pelo Presidente João Lourenço, em 2017, dá garantias de que os direitos humanos assumiram outra dimensão e atenção. O ministro fazia a apresentaç­ão do Relatório Periódico sobre a Implementa­ção do Pacto Internacio­nal dos Direitos Civis e Políticos em Angola, na 125ª sessão ordinária do Comité dos Direitos Humanos.

“Nota-se, com efeito, um novo impulso nos direitos humanos, políticos e civis, destacando-se o encontro com as organizaçõ­es mais representa­tivas da sociedade civil, a comutação de penas de oito cidadãos presos e a libertação de quatro outros, condenados por crimes contra a segurança do Estado, e a elaboração de um estudo para reparar os danos sofridos pelas vítimas de repressão, pelos défices de governação e por perseguiçã­o política, entre os quais as vítimas do ‘27 de Maio’ (de 1977), dos massacres da guerrilha e outras vítimas da guerra”, afirmou, na ocasião, o ministro.

Preparação do Congresso

Ainda na reunião de ontem, o Bureau Político, nas vestes de Comissão Nacional Preparatór­ia do 7.º Congresso Extraordin­ário do MPLA, aprazado para 15 de Junho próximo, aprovou a Directiva Executiva sobre os procedimen­tos a observar na preparação das candidatur­as a membro do Comité Central e no acto eleitoral de cada província, tendo em atenção o propósito do seu alargament­o nominal.

A Comissão Nacional Preparatór­ia aprovou igualmente a Directiva Executiva sobre os procedimen­tos a observar na preparação das candidatur­as ao nível dos órgãos intermédio­s comunais ou de distritos urbanos, municipais e provinciai­s, o cronograma de preparação do 7.º Congresso Extraordin­ário do MPLA e o calendário indicativo das conferênci­as provinciai­s extraordin­árias neste âmbito.

O Bureau Político aprovou a proposta de candidatur­a de Maria Fonseca, membro do Comité Nacional da OMA, ao cargo de secretária provincial da organizaçã­o feminina do MPLA no Cuanza-Sul.

Plano de homenagem foi apreciado ontem pelo Bureau Político do MPLA, reunido na quarta sessão ordinária orientada pelo presidente do partido, João Lourenço

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EDIÇÕES NOVEMBRO Após a Independên­cia, país registou um longo conflito armado que só terminou em 2002

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