Mapa cartográfico está desactualizado
Instituto Geográfico e Cadastral precisa produzir 472 cartas actualizadas até 2022 para uma gestão adequada do território
Angola precisa de 900 milhões de kwanzas para produzir cartografia actualizada nos próximos quatro anos, uma vez que a existente está completamente “fora de prazo”, dadas as mutações biofísicas e humanas que se operaram no país, revelou ontem o secretário de Estado do Ordenamento do Território, Manuel Marques Pimentel.
O país precisa produzir cartografia actualizada nos próximos quatro anos, uma vez que a existente está completamente “fora de prazo”, dadas as mutações de ordem biofísicas e humanas que se operaram no território, revelou ontem, ao Jornal de Angola, o secretário de Estado do Ordenamento do Território, Manuel Marques Pimentel.
Para fazer face ao quadro, Manuel Marques Pimentel revelou que o Instituto Geográfico e Cadastral de Angola (IGCA) precisa produzir 472 cartas actualizadas até 2022, de acordo com as metas a alcançar no âmbito do Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) 2017-2022.
O secretário de Estado adiantou que, para a produção da cartografia, serão necessários, por estimativa, mais de 900 milhões de kwanzas. Em função da mobilização dos recursos, as cartas podem ser produzidas antes de 2022.
Presente, ontem, no evento “Abordagem sobre Smart City e Cooperação com Smart City Expo World”, realizado pelo Ministério do Ordenamento do Território e Habitação, o secretário de Estado afirmou que, com três milhões de kwanzas, pode ser feita a cartografia de base que o país precisa, lembrando que esta actividade é fundamental, por representar, graficamente, uma área geográfica ou uma superfície plana e actuar na concepção, produção, divulgação, representação e todo o processo dos mapas.
Além da representação física, a cartografia é utilizada para ilustrar a realidade social, económica, histórica e cultural. A cartografia desempenha um importante papel na compreensão de fenómenos sociais e geográficos, no uso da terra, na previsão do tempo, na gestão florestal e, até, na construção de estradas e ordenamento urbano e do próprio território.
Enquanto não se actualiza a cartografia, o secretário de Estado, embora não tenha entrado em detalhes, disse haver a possibilidade de recorrer-se às cartas produzidas pelo Plano Nacional de Geologia (Planageo), que pretende, entre outros aspectos, fornecer dados sobre o potencial mineral do país.
Para Manuel Marques Pimentel, sem cartografia actualizada, não se pode saber sobre a situação actual do território, o que tem em termos de potencial de recursos naturais ou minerais e como estão distribuídas. “Só sabendo o que o território tem, através da cartografia, é possível fazer uma planificação adequada. Se não tivermos uma cartografia actualizada, pode-se planear muito mal”, sublinhou.
No rol de consequências pela falta de cartografia actualizada, o secretário de Estado do Ordenamento do Território, apontou ainda a possibilidade de haver dificuldades na realização do cadastro (registo de ocupação de terra). “É com o cadastro que se sabe quem ocupa a terra e como é ocupada. É difícil fazer uma gestão adequada do território com uma cartografia desactualizada”, insistiu.
O director-geral adjunto do IGCA, Silva Venâncio, explicou que o país precisa actualizar toda a sua cartografia, desde a de base até à de grande escala, esclarecendo que a cartografia de base gera as de menor escala (250 mil, 500 mil e 1 milhão). “A cartografia de base nos permite construir as cartografias menores. Quanto menor for a escala, maior é a área representada. Quanto maior for a escala, menor é área representada. A cartografia de maior escala é mais cara de ser produzida do que a cartografia de escala menor”, disse, ao apontar as vantagens. Silva Venâncio explicou ainda que a cartografia para as cidades é a de escala, que é geralmente a mais cara e exige levantamento com drones.
Transportes em Luanda
O director nacional do Ordenamento do Território e Urbanismo, Cristino Deitunga, falou sobre o Plano Director Geral de Luanda (PDGL). Cristino Deitunga disse ser propósito o PDGL reduzir a pressão automóvel sobre a futura rede rodoviária, ao eliminar, até 40 por cento, as deslocações que seriam realizadas por veículos privados.
O responsável sublinhou que mais de cinco milhões de deslocações diárias seriam fornecidas por um sistema de transportes públicos formal e integrado com múltiplos níveis, como 207 quilómetros de comboio suburbano, 44 de comboio de alta velocidade, 207 de sistemas totalmente segregados, 317 de sistemas parcialmente segregados e sistemas de ferry.
Para o efeito, a sua concretização até 2030, exige investimento público e privado, dado o montante necessário para o desafio que se pretende em 15 anos, que é o de assegurar que 80 por cento da população tenha acesso conveniente ao transporte público da rede metropolitana de transportes públicos de Luanda.
“Só sabendo o que o território tem, através da cartografia, é possível fazer uma planificação adequada”