Casem a culpa
A morte, segunda-feira, em Cacuaco, de uma jovem, degolada por um cabo eléctrico que era estendido, na rua, por trabalhadores que procediam à renovação da rede de alta tensão, tem responsáveis, que é urgente identificar e punir.
A culpa não pode, uma vez mais, coitada, apesar dos ombros largos que a caracterizam, sobre os quais carrega sozinha irresponsabilidades alheias, morrer solteira. É preciso casá-la de imediato. Sem perda de tempo. Antes que o noivo desapareça, como tantos outros. Levados pelos ventos da impunidade. O que está em causa não é algo possível de recuperar, mesmo valioso, como as fortunas rapinadas cá dentro e postas lá fora. Quanto às quais podemos ter esperança, pequena que seja, de as vermos de volta. Nem que seja uma ínfima parte. No caso da vida jovem decapitada em Cacuaco não há hipótese de a voltarmos a ter.
O crime não foi voluntário? O de homicídio, não. O cabo não foi, de certeza, deliberadamente estendido com o objectivo de ceifar uma vida. Mas, aos olhos do cidadão comum, é crime. No mínimo, de negligência. Praticado por quem? Pelos operários que trabalhavam na rua sem estar preparados? Daqueles que, com a obrigação de saber dos perigos, os mandaram para lá, sem os prevenir, nem tomar precauções? Eis algumas das perguntas a requererem respostas rápidas. Para os que se julgam intocáveis perceberem que as coisas estão a mudar.