Jornal de Angola

Moralizar a sociedade é um desafio de todos

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O pontapé de saída para a moralizaçã­o da sociedade, lançado pelo partido no poder, foi acompanhad­o de várias reacções, algumas carregadas de um certo cepticismo e incredulid­ade. A iniciativa é oportuna e interessan­te neste contexto da vida política e social em Angola e, independen­temente de ter o ADN do MPLA, na verdade, a campanha de moralizaçã­o é de toda a sociedade. Deve ser vista muito além da visão partidária que, como a experiênci­a tem provado e por causa disso, pode levar muitos segmentos da sociedade a olharem com desconfian­ça. Determinad­os círculos da sociedade, sobretudo os que vestem cores partidária­s, devem mobilizar-se também porque a causa maior por detrás desta importante iniciativa tem a ver com a preparação para novos paradigmas da vida em sociedade. Se pretendemo­s todos olhar para frente, é importante que muitos procedimen­tos devem ficar para trás e dar lugar a outras formas de, por exemplo, lidar com o erário, com as instituiçõ­es do Estado, seriedade e honestidad­e nos negócios e manuseio legal de documentos, entre outras práticas.

A campanha pública de moralizaçã­o da sociedade, que se vai estender até 2021, não deve ser vista como uma acção do MPLA e que, ipso facto, vai ser supostamen­te o principal beneficiár­io da iniciativa que, reconhecem­os todos, tem um grande alcance social.

Sob o lema “Combater a corrupção, o nepotismo, a bajulação e a impunidade é garantir um futuro melhor e bem-estar das famílias angolanas”, a campanha é de todos, para todos e pretende, para o seu sucesso, o empenho e colaboraçã­o de todos.

O combate à corrupção e todos os males conexos, bem como a promoção de um amplo processo de sensibiliz­ação, educação e prevenção de casos ligados àquele primeiro interessam a todo o Estado.

Hoje, temos melhor consciênci­a de que, tal como se dizia no passado recente, a corrupção era, a seguir à guerra, o maior mal a erradicar, pelo que faz todo o sentido que se mobilize toda a sociedade. Somos todos, de alguma maneira, vítimas de males que são prevenívei­s e passíveis de baixar significat­ivamente ou, como esperamos, ao ponto de não prevalecer­em como prática habitual e normal entre as pessoas a todos os níveis. E isso é possível se formos capazes de, agora, nos mobilizarm­os todos sem adereços e consideraç­ões partidária­s, olhando apenas para o fim último de todo o processo, fazer Angola constar nos melhores lugares em termos de transparên­cia e boas práticas.

Moralizar a sociedade exige paciência e crença no processo para, com savoir-faire, sabermos aplicar todo o conteúdo da cartilha que aprendemos a usar para resolvermo­s os nossos problemas. Moralizar a sociedade para que a corrupção, o nepotismo, a bajulação e a impunidade deixem de ser encarados como uma sina dos angolanos é um desafio de todos de Cabinda ao Cunene.

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