Presidente Filipe Nyusi pede “união de todos”
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, pediu a “união de todos” no apoio às vítimas do ciclone Kenneth, que causou, até ao feche desta edição, dois mortos e vários deslocados no norte do país.
“Temos que nos juntar para, mais uma vez, enfrentar esta dura e triste realidade causada pelos fenómenos naturais”, declarou o Chefe de Estado moçambicano, a partir da China, onde efectua uma visita de trabalho.
Filipe Nyusi disse que a situação é crítica em alguns pontos, acrescentando que o Governo continua a dar prioridade à retirada de pessoas de pontos considerados de risco.
“O meu Governo vai continuar a dar todo apoio e assistência às populações afectadas”, declarou o Chefe de Estado. Dados oficiais indicam que a passagem do ciclone Kenneth provocou, além de mortes e feridos um rasto de destruição nos distritos da província, com destaque para Macomia.
Há informação de uma outra vítima mortal naquele distrito por causa da intempérie, mas que está por confirmar, segundo uma fonte local ouvida pela Lusa.
Informação preliminar aponta para elevados estragos na região, com casas precárias destruídas, levadas pelo vento forte e chuva intensa, com famílias ao relento no arquipélago das Quirimbas, nomeadamente na ilha de Ibo e ainda nos distritos do continente de Quissanga, Mucojo, junto à costa, e Macomia, um pouco mais para o interior.
A ministra da Administração Estatal e Função Pública, Carmelita Namashulua, orientou na manhã de ontem uma reunião do Centro Operativo de Emergência, na cidade de Pemba, em Cabo Delgado, tendo garantido que o Governo tudo está a fazer para assistir as populações que perderam as residências.
“A informação que temos do Instituto Nacional de Meteorologia é que a situação está a melhorar, mas é possível que a chuva continue a cair”, disse Carmelita Namashulua, acrescentando que o Governo está também a tentar melhorar as condições das crianças em pontos de acolhimento.
Segundo o Governo moçambicano, há pelo menos 36 mil pessoas acolhidas em centros de abrigo.
O ciclone Kenneth chegou ao Norte de Moçambique classificado com a categoria quatro, a segunda mais grave, com ventos contínuos de 225 quilómetros por hora e rajadas de 270 quilómetros por hora.
Apesar de já ter perdido força, continua a provocar chuvas intensas na região e há elevado risco de cheias e deslizamento de terras. Moçambique volta a ser atingido por um ciclone, depois do impacto do Idai, em 14 de Março, que provocou, pelo menos, 603 mortos.
Condenados por desvio
O Tribunal Judicial da Cidade da Beira condenou ontem duas pessoas a pena de um ano de prisão por desvio de donativos destinados às vítimas do ciclone Idai.
“O tribunal condena dois réus a 12 meses de prisão pelo crime de furto”, disse o juiz Sérgio Nunes, durante o julgamento.
Trata-se de um grupo de três pessoas, uma das quais absolvida, que estava a responder pelo desvio de 19 sacos de arroz, 19 de farinha, 11 de soja e um de feijão no bairro da Manga, na Beira. Além da pena de prisão, que pode ser convertida em multa, são também obrigados a pagar uma taxa diária de 250 meticais.
O ciclone Idai atingiu a região centro de Moçambique, Malawi e Zimbabwe a 14 de Março. Em Moçambique, segundo dados do INGC, a passagem do ciclone Idai terá afectado 1,4 milhões de pessoas, provocando, pelo menos, 603 mortos e mais de 1.600 feridos.