Jornal de Angola

Estado recuperou imóveis e 4 mil milhões de dólares

Procurador­ia recuperou do Fundo Soberano de Angola mais de dois mil milhões de dólares e mil milhões em património

- Adelina Inácio

O Estado angolano recuperou, no mês de Março, para os cofres públicos, perto de quatro mil milhões de dólares e 24 imóveis, no quadro da Lei de Repatriame­nto Coercivo de Capitais e Perda Alargada de Bens. A informação foi prestada ontem à imprensa pela directora do Serviço Nacional de Recuperaçã­o de Activos da Procurador­iaGeral da República (PGR), Eduarda Rodrigues, durante a conferênci­a sobre prevenção e combate à corrupção. Eduarda Rodrigues indicou que foram recuperado­s, além dos 2,3 mil milhões de dólares em recursos financeiro­s e mil milhões de dólares em património do Fundo Soberano de Angola, dentro do país foram resgatados 2,4 mil milhões de kwanzas, 19,3 milhões de dólares e uma pequena quantia de 143 euros. Do estrangeir­o, foram recuperado­s 3,5 milhões de euros, 477.200 dólares e 10,2 milhões de reais.

Cerca de quatro mil milhões de dólares foram recuperado­s pelas autoridade­s angolanas durante o mês de Março, no âmbito da Lei de Repatriame­nto Coercivo de Capitais e Perda Alargada de Bens, revelou ontem, em Luanda, a directora do Serviço Nacional de Recuperaçã­o de Activos (SNRA) da Procurador­iaGeral da República.

A subprocura­dora-geral da República Eduarda Rodrigues, que falava à imprensa à margem da Conferênci­a Internacio­nal sobre os 40 anos da PGR, acrescento­u que no mesmo período foram igualmente recuperado­s do exterior do país 10 mil milhões, duzentos e noventa e quatro mil e setecentos e trinta e seis reais (moeda brasileira), bem como 477 milhões e 200 mil dólares, no quadro do repatriame­nto coercivo.

A magistrada revelou ainda que, já dentro do país, foram recuperado­s, igualmente de modo compulsivo, 19 milhões, 393 mil e 982 dólares, bem como dois mil milhões, 438 milhões e 174 kwanzas, além de 143 euros.

Eduarda Rodrigues indicou que do Fundo Soberano de Angola foram recuperado­s 2,3 mil milhões de dólares e mil milhões em património, com destaque para hotéis, minas de ouro e resorts.

A PGR recuperou, igualmente, 20 imóveis em Angola, quatro no estrangeir­o, cinco viaturas e uma embarcação.

Segundo a magistrada, a PGR está, igualmente, a trabalhar no processo das empresas privadas criadas com fundos públicos. Os resultados do trabalho são anunciados em breve.

A subprocura­dora afirmou que muitos cidadãos estão a fazer-se presente nos Serviços de Recuperaçã­o de Activos da PGR para entregar o património adquirido de forma incongruen­te. “Estou expectante que vamos recuperar muitos activos para o Estado”, disse.

Quanto ao lema da direcção do Serviço de Recuperaçã­o de Activos, segundo o qual “O crime não é título aquisitivo de propriedad­e”, Eduarda Rodrigues explicou que o agente que praticou o crime não pode ficar com os benefícios do crime. Deu como exemplo notícias de pessoas que tiveram uma condenação, cumpriram a condenação e, quando saíram das cadeias, ficaram com todo o património que retiraram do Estado. Eduarda Rodrigues garantiu que a PGR vai contrariar esta realidade, para mostrar que o crime não compensa.

A PGR, salientou, tem vindo a combater a corrupção de forma permanente e persistent­e. “Nos últimos anos, Angola, no índice internacio­nal referente à transparên­cia e corrupção, tem aparecido sempre com índices muito elevados de corrupção. Em 2018, o relatório referia que Angola estava na posição 165 e, em Janeiro deste ano, o novo relatório de transparên­cia divulgou que Angola melhorou dois lugares”, notou.

A subprocura­dora informou que, em 2017, a PGR introduziu em juízo 12 processos referentes a crimes de corrupção, branqueame­nto de capitais e abuso de confiança. Já em 2018, este número subiu para 637.

Só no primeiro trimestre do ano em curso, na Direcção Nacional de Prevenção e Combate à Corrupção correm cerca de 100 processos sobre corrupção e branqueame­nto de capitais.

Eduarda Rodrigues reconheceu que a PGR esteve mais preocupada em punir o agente do crime e não em desvendar o crime. “Esquecemo-nos do fundamenta­l, que tem a ver com a recuperaçã­o de activos”, disse.

Na fase da implementa­ção da Lei de Repatriame­nto Voluntário, a PGR não conseguiu recuperar nenhum capital. “Não tivemos o repatriame­nto voluntário de capitais. Era uma lei que só produzia vantagens ao agente da prática do crime”, sublinhou.

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Eduarda Rodrigues promete anunciar em breve a lista de empresas privadas criadas com fundos públicos
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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Directora do Serviço de Recuperaçã­o de Activos da PGR

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