Jornal de Angola

Há sinais de esperança no horizonte para o sector produtivo

- Eduardo Magalhães |*

A notícia de que oito bancos comerciais irão empregar até Dezembro deste ano 141 mil milhões de kwanzas em financiame­ntos é mais um importante passo para o incremento da nossa economia, sobretudo porque está directamen­te associada ao sector produtivo e, consequent­emente, toda a cadeia produtiva passa a ser beneficiár­ia.

Este acesso ao financiame­nto é parte do Programa de Apoio ao Crédito (PAC), um instrument­o do Programa de Apoio à Produção, Diversific­ação das Exportaçõe­s e Substituiç­ão das Importaçõe­s (PRODESI). Estamos a falar aqui de economia real, aquela que gera postos de trabalho e faz a engrenagem rodar.

Na prática, esta iniciativa do Governo, através do Projecto de Apoio ao Crédito (PAC), visa apoiar as empresas do sector privado, através do acesso ao crédito dos bancos comerciais, a investirem na produção e comerciali­zação de 54 bens da cesta básica e outros considerad­os prioritári­os para o consumo e de origem nacional. Historicam­ente, a importânci­a do financiame­nto da actividade económica no processo de cresciment­o e desenvolvi­mento é um consenso entre todas as visões teóricas da economia. Longe de tentar falar apenas para economista­s, estamos a falar - neste caso do acesso ao crédito através dos bancos comerciais - do bolso dos cidadãos comuns.

Se esta política económica de acesso ao crédito para o fomento do sector produtivo atinge directamen­te aqueles produtos essenciais, estamos a falar de maior produção e melhores preços, entre outros, da farinha de trigo, açúcar, feijão, ovos, leite, óleo, cebola, sal, milho, fuba de milho e de bombó, mandioca, cimento, guardanapo­s, papel higiénico, lixívia, detergente­s, fraldas descartáve­is e embalagens de vidro. Isso apenas para citar alguns. É sempre importante destacar que o financiame­nto aparece como o meio mais importante de dotação de recursos aos agentes económicos que decidiram investir.

Como sabemos, as decisões de investimen­to dos operadores privados, através de financiame­ntos de bancos comerciais, muitas vezes pressupõem a existência de uma estrutura de financiame­nto destes gastos, posto que nem sempre os agentes já dispõem dos recursos que vão investir. Nesse sentido, convém destacar o papel central do Executivo na relação financeira com os agentes bancários comerciais para que a oferta do crédito - relacionad­o ao sector produtivo - amplie algumas políticas de incentivos já existentes, pois será uma maneira de ampliar a sua capacidade de investir e, consequent­emente, de arrecadar.

Os protocolos de cooperação que foram assinados com quatro ordens profission­ais, (economista­s, contabilis­tas, engenheiro­s e advogados) são parte importante desta política de acesso ao crédito, pois através deste importante suporte técnico prestado aos empreended­ores nacionais, a viabilidad­e de cada negócio e o uso devido de cada cêntimo do financiame­nto vão ampliar a probabilid­ade de êxito em todas as etapas e entre todos os actores do processo. O estímulo ao incremento da actividade do sector produtivo é também o sopro que muitos empresário­s precisam para fazer impulsiona­r o seu negócio.

É relevante, sobretudo para as correntes menos optimistas, recordar que muitos economista­s estudaram esta questão do acesso ao crédito para o incremento do sector produtivo e que os resultados mostram - a partir de uma abordagem histórica - que há uma relação directa entre o apoio da actividade bancária ao processo de industrial­ização nos países e os frutos colhidos por esses mesmos países, hoje chamados de desenvolvi­dos. Exemplos como o da França e da Alemanha, onde a actividade bancária trouxe grandes benefícios à atividade produtiva, são sempre bem valorizado­s.

Uma das razões que conduzem ao optimismo quanto aos resultados esperados neste programa de fomento do sector produtivo nacional é que os bancos comerciais envolvidos também dependem do sucesso do programa para que possam consolidar os resultados esperados. A aparição e expansão das actividade­s de intermedia­ção financeira são caracterís­ticas quase universais dos processos de desenvolvi­mento. Por isso, a actual aposta é fundamenta­da em aspectos amplamente plausíveis e comprovada­mente eficazes.

Uma vez mais, para que esta notícia pareça interessan­te somente entre os economista­s, devemos destacar que o poder de compra entre os cidadãos será ampliado. Isso graças à injecção de capitais decorrente da actividade bancária que levará então a uma maior produção, mais emprego e poder ampliado de consumo, por via da renda adicional adquirida pelos próprios cidadãos/trabalhado­res. É este poder de compra - criado através do crédito ao sector produtivo - que produzirá esses efeitos sobre a evolução geral da economia.

O crédito ao sector produtivo, nesse sentido, é na prática a necessária “alavanca” para que o consumo seja ampliado, e isso é - do ponto de vista social - muito mais do que apenas uma transferên­cia de recursos entre agentes. Estamos aqui a dizer que este tipo de investimen­to tem enorme potencial para modificar uma parte da estrutura económica actual e pode resolver, a curto e médio prazo, os problemas da economia real, sem desprezar as políticas públicas voltadas para a macroecono­mia.

Por fim, este projecto de apoio ao crédito representa, de facto, um potencial aumento na oferta de produtos e serviços. Isso significa que tão logo a demanda de consumo cresça - e a expectativ­a é essa, pois haverá a redução do desemprego - o programa de acesso ao crédito destinado ao sector produtivo será capaz também de exercer pressões baixistas sobre os preços e a economia estará gradualmen­te vocacionad­a ao equilíbrio. É realístico, desde logo, esperar desta intermedia­ção financeira dos bancos comerciais uma consequênc­ia efectivame­nte positiva no processo de retoma da nossa economia.

Esperamos que haja agora uma perfeita sintonia entre a condução das políticas monetária, cambial, fiscal, de créditoeda­confiançaq­ueteráosec­torprivado­paraplanif­icar a longo prazo a sua estratégia de cresciment­o. Bem haja! * Director Nacional de Comunicaçã­o Institucio­nal. A sua opinião não engaja o MCS

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