Há sinais de esperança no horizonte para o sector produtivo
A notícia de que oito bancos comerciais irão empregar até Dezembro deste ano 141 mil milhões de kwanzas em financiamentos é mais um importante passo para o incremento da nossa economia, sobretudo porque está directamente associada ao sector produtivo e, consequentemente, toda a cadeia produtiva passa a ser beneficiária.
Este acesso ao financiamento é parte do Programa de Apoio ao Crédito (PAC), um instrumento do Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações (PRODESI). Estamos a falar aqui de economia real, aquela que gera postos de trabalho e faz a engrenagem rodar.
Na prática, esta iniciativa do Governo, através do Projecto de Apoio ao Crédito (PAC), visa apoiar as empresas do sector privado, através do acesso ao crédito dos bancos comerciais, a investirem na produção e comercialização de 54 bens da cesta básica e outros considerados prioritários para o consumo e de origem nacional. Historicamente, a importância do financiamento da actividade económica no processo de crescimento e desenvolvimento é um consenso entre todas as visões teóricas da economia. Longe de tentar falar apenas para economistas, estamos a falar - neste caso do acesso ao crédito através dos bancos comerciais - do bolso dos cidadãos comuns.
Se esta política económica de acesso ao crédito para o fomento do sector produtivo atinge directamente aqueles produtos essenciais, estamos a falar de maior produção e melhores preços, entre outros, da farinha de trigo, açúcar, feijão, ovos, leite, óleo, cebola, sal, milho, fuba de milho e de bombó, mandioca, cimento, guardanapos, papel higiénico, lixívia, detergentes, fraldas descartáveis e embalagens de vidro. Isso apenas para citar alguns. É sempre importante destacar que o financiamento aparece como o meio mais importante de dotação de recursos aos agentes económicos que decidiram investir.
Como sabemos, as decisões de investimento dos operadores privados, através de financiamentos de bancos comerciais, muitas vezes pressupõem a existência de uma estrutura de financiamento destes gastos, posto que nem sempre os agentes já dispõem dos recursos que vão investir. Nesse sentido, convém destacar o papel central do Executivo na relação financeira com os agentes bancários comerciais para que a oferta do crédito - relacionado ao sector produtivo - amplie algumas políticas de incentivos já existentes, pois será uma maneira de ampliar a sua capacidade de investir e, consequentemente, de arrecadar.
Os protocolos de cooperação que foram assinados com quatro ordens profissionais, (economistas, contabilistas, engenheiros e advogados) são parte importante desta política de acesso ao crédito, pois através deste importante suporte técnico prestado aos empreendedores nacionais, a viabilidade de cada negócio e o uso devido de cada cêntimo do financiamento vão ampliar a probabilidade de êxito em todas as etapas e entre todos os actores do processo. O estímulo ao incremento da actividade do sector produtivo é também o sopro que muitos empresários precisam para fazer impulsionar o seu negócio.
É relevante, sobretudo para as correntes menos optimistas, recordar que muitos economistas estudaram esta questão do acesso ao crédito para o incremento do sector produtivo e que os resultados mostram - a partir de uma abordagem histórica - que há uma relação directa entre o apoio da actividade bancária ao processo de industrialização nos países e os frutos colhidos por esses mesmos países, hoje chamados de desenvolvidos. Exemplos como o da França e da Alemanha, onde a actividade bancária trouxe grandes benefícios à atividade produtiva, são sempre bem valorizados.
Uma das razões que conduzem ao optimismo quanto aos resultados esperados neste programa de fomento do sector produtivo nacional é que os bancos comerciais envolvidos também dependem do sucesso do programa para que possam consolidar os resultados esperados. A aparição e expansão das actividades de intermediação financeira são características quase universais dos processos de desenvolvimento. Por isso, a actual aposta é fundamentada em aspectos amplamente plausíveis e comprovadamente eficazes.
Uma vez mais, para que esta notícia pareça interessante somente entre os economistas, devemos destacar que o poder de compra entre os cidadãos será ampliado. Isso graças à injecção de capitais decorrente da actividade bancária que levará então a uma maior produção, mais emprego e poder ampliado de consumo, por via da renda adicional adquirida pelos próprios cidadãos/trabalhadores. É este poder de compra - criado através do crédito ao sector produtivo - que produzirá esses efeitos sobre a evolução geral da economia.
O crédito ao sector produtivo, nesse sentido, é na prática a necessária “alavanca” para que o consumo seja ampliado, e isso é - do ponto de vista social - muito mais do que apenas uma transferência de recursos entre agentes. Estamos aqui a dizer que este tipo de investimento tem enorme potencial para modificar uma parte da estrutura económica actual e pode resolver, a curto e médio prazo, os problemas da economia real, sem desprezar as políticas públicas voltadas para a macroeconomia.
Por fim, este projecto de apoio ao crédito representa, de facto, um potencial aumento na oferta de produtos e serviços. Isso significa que tão logo a demanda de consumo cresça - e a expectativa é essa, pois haverá a redução do desemprego - o programa de acesso ao crédito destinado ao sector produtivo será capaz também de exercer pressões baixistas sobre os preços e a economia estará gradualmente vocacionada ao equilíbrio. É realístico, desde logo, esperar desta intermediação financeira dos bancos comerciais uma consequência efectivamente positiva no processo de retoma da nossa economia.
Esperamos que haja agora uma perfeita sintonia entre a condução das políticas monetária, cambial, fiscal, de créditoedaconfiançaqueteráosectorprivadoparaplanificar a longo prazo a sua estratégia de crescimento. Bem haja! * Director Nacional de Comunicação Institucional. A sua opinião não engaja o MCS