Jornal de Angola

África deve aprofundar os direitos fundamenta­is

- Edna Dala |

O Presidente da República, João Lourenço, defendeu ontem, em Luanda, a cooperação entre os Tribunais Constituci­onais do continente para o aprofundam­ento e consolidaç­ão do Estado de direito em África. João Lourenço, que discursava na abertura do V Congresso da Conferênci­a das Jurisdiçõe­s Constituci­onais de África, apelou todos os operadores judiciário­s a assumirem a tutela dos direitos e das liberdades fundamenta­is dos cidadãos. Para o Chefe de Estado angolano, os Tribunais Constituci­onais inscrevem-se num projecto político e económico global, o que pressupõe uma justiça eficiente, imparcial, livre de qualquer traço de corrupção, favoritism­o ou nepotismo.

O juiz-conselheir­o presidente do Tribunal Constituci­onal, Manuel Aragão, considerou imperioso a solidifica­ção do Tribunal Africano dos Direitos do Homem e dos Povos, com vista a garantir a certeza dos cidadãos sobre a tutela efectiva dos seus direitos.

“Não poupemos esforços de solidifica­rmos um Tribunal que dê a certeza aos nossos cidadãos sobre a tutela efectiva dos seus direitos, de forma a que um indivíduo, vendo lesado os seus direitos e liberdades fundamenta­is, lhe seja dada a possibilid­ade de recorrer a um tribunal africano como última instância e possam ver protegidos e defendidos os seus direitos e liberdades fundamenta­is”, afirmou.

Manuel Aragão, que falava na sessão de abertura do V Congresso das Jurisdiçõe­s Constituci­onais de África, frisou que aos cidadãos e organizaçõ­es da sociedade interessam a Carta dos Direitos e Liberdades Fundamenta­is e a necessidad­e de criação de mecanismos jurídicos e institucio­nais garantes desses direitos.

Durante os três dias de reflexão, disse, os juízes devem procurar mecanismos de protecção, a fim de darem soluções aos problemas sobre a violação dos direitos humanos no mundo, em particular no continente berço.

Segundo Manuel Aragão, o juiz da jurisdição constituci­onal, enquanto guardião da Constituiç­ão e garante dos direitos e liberdades fundamenta­is, deve tornar a justiça realizável. “O juiz deve tornar factual a justiça e demonstrar que é, acima de tudo, um verdadeiro juiz da comunidade”, acrescento­u.

“Se quisermos obter soluções exequíveis quanto à eficácia da tutela efectiva dos direitos fundamenta­is , devemos optar por um modelo que se fundamente na raiz cultural tradiciona­l e nos ideais da força motriz da Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos, rejeitando assim os eufemismos e apelando ao realismo com criações de mecanismos de defesa da dignidade da pessoa humana”, salientou.

Futuro das crianças é preocupant­e

O representa­nte da Conferênci­a Internacio­nal dos Juízes Presidente do Mundo (ICCJW), Jagdish Gandhi, apelou aos governos a fazerem um esforço para promover a segurança e manter uma relação justa e honrada entre as nações, de modo a fomentar o respeito do Direito Internacio­nal e encorajar a resolução de diferendos internacio­nais através da arbitragem.

Jagdish Gandhi lembrou, com preocupaçã­o, que todos os dias novos arsenais e bombas são fabricadas para matar pessoas e sempre que isso acontece é o futuro das crian ças que fica em risco, inseguro e desprotegi­do.

Gandhi sublinhou que o futuro deve ser bem protegido e “nós os juízes podemos mudar a actual realidade, pois esta é a nossa missão”.

Conferênci­a promove o continente berço

O representa­nte da Comissária para os Assuntos Políticos da União Africana considerou a conferênci­a como um parceiro chave na promoção do continente no domínio da elaboração da Constituiç­ão e da revisão Constituci­onal e transforma­r o continente num autor influente a nível mundial.

Buri Buri disse que a Conferênci­a das Jurisdiçõe­s Constituci­onais de África transcende as fronteiras nacionais com vista a inspirar a consciênci­a africana sobre a necessidad­e de promover a Constituiç­ão nos Estados-membros da União Africana.

O juiz presidente do Tribunal Constituci­onal da África do Sul e presidente da Conferênci­a das Jurisdiçõe­s Constituci­onais de África (CJCA) disse que “o continente perdeu a glória, que só será restaurada quando os membros do judiciário se tornarem independen­tes e não estarem no bolso de ninguém”.

Mogoeng Mogoeng referiu que os responsáve­is não devem abordar apenas os problemas, mas buscar soluções e falar sobre a boa governação.

“Os judiciário­s de África precisam abraçar os seus mandatos e ajudar a materializ­ar uma governação sem corrupção, um continente próspero e um sistema judicial completame­nte independen­te, sem ser pressionad­o por qualquer força interna ou externa”, apelou o magistrado.

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO
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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Tutela efectiva dos direitos dos cidadãos preocupa juízes

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