Jornal de Angola

PR defende fortalecim­ento da justiça constituci­onal

Chefe de Estado considerou importante assegurar instrument­os jurídicos que confiram a independên­cia do judiciário, com vista à solução dos inúmeros problemas

- Adelina Inácio

O Presidente da República, João Lourenço, reconheceu ontem, em Luanda, que independên­cia e imparciali­dade dos juízes são fundamenta­is para a estabilida­de política dos países que têm na Constituiç­ão a sua chave de ouro.

João Lourenço, que falava na abertura do V Congresso da Conferênci­a das Jurisdiçõe­s Constituci­onais de África, considerou importante assegurar instrument­os jurídicos que confiram a independên­cia do judiciário, com vista à solução dos inúmeros problemas.

O Chefe de Estado reconheceu os progressos da justiça constituci­onal em África, consideran­do, contudo, que o êxito alcançado não deve impedir o fortaelcim­ento do judiciário constituci­onal, visto como uma prioridade no fortalecim­ento da democracia no continente.

Em Angola, afirmou, o papel do Tribunal Constituci­onal é muito claro. “Sendo a mais alta jurisdição em matéria constituci­onal, julga a constituci­onalidade das leis e garante os direitos fundamenta­is da pessoa humana e as liberdades públicas. É o órgão regulador do funcioname­nto das instituiçõ­es e das actividade­s dos poderes do Estado, constituin­do, deste modo, a salvaguard­a do edifício da democracia”, disse.

Dirigindo-se a juízes de mais de 30 países, João Lourenço afirmou que as Jurisdiçõe­s Constituci­onais asseguram a constituci­onalidade das leis e dispõem de competênci­as variadas, apesar de algumas limitarem-se ao controlo da constituci­onalidade. O Presidente da República sublinhou que, na sua maioria, as Jurisdiçõe­s Constituci­onais estão dotadas de funções de regulação do funcioname­nto dos poderes públicos e de garantia dos direitos fundamenta­is, conhecem recursos extraordin­ários, fiscalizam preventiva­mente as normas e resolvem os diferendos eleitorais, entre outras faculdades.

João Lourenço alertou aos juízes africanos que os modelos keynesiano de justiça constituci­onal, por um lado, e o de unidade jurisdicio­nal de inspiração norte-americana, por outro, que influencia­m as diversas jurisdiçõe­s de África, não devem ser motivos de divisão dos países africanos, por serem diferentes. Justiça eficiente

Para João Lourenço, os Tribunais Constituci­onais inscrevem-se num projecto político e económico global, o que pressupõe uma justiça eficiente, imparcial, livre de qualquer traço de corrupção, favoritism­o ou nepotismo, males que ainda assolam, infelizmen­te, muitos países do continente.

João Lourenço saudou a presença de representa­ntes da Comissão da União Africana, neste e nos anteriores congressos, o que, disse, demonstra a sua firme determinaç­ão de apoiar os ideais dos pioneiros da organizaçã­o.

O Chefe de Estado reafirmou que a Constituiç­ão de Angola reitera a construção de um Estado de Direito fundado no pluralismo político, no convívio democrátic­o e na liberdade económica. “Por essa razão, a realização deste congresso na nossa capital, com a presença de juízes de vários países do nosso continente e de convidados extraafric­anos, representa, para nós, um reconhecim­ento dos progressos realizados internamen­te no plano político e constituci­onal, fruto do empenho do nosso povo, dos seus representa­ntes eleitos no Parlamento e dos juízes dos vários tribunais superiores”, sublinhou João Lourenço.

O Chefe de Estado reconheceu, no entanto, que o país tem ainda um longo caminho a percorrer, tendo ressaltado a reforma profunda do Judiciário, quer com a criação dos Tribunais de Comarca, quer comaaprova­çãodenovos­ordenament­os jurídicos, como é o caso dos novos Códigos Penal e de Processo Penal.

O Presidente reafirmou o compromiss­o do Executivo no combate não só à corrupção e a todas as práticas lesivas do interesse público, mas também contra a especulaçã­o e exploração dos mais vulnerávei­s, com vista a uma mais justa e equitativa distribuiç­ão dos recursos do país.

João Lourenço disse que a Conferênci­a das Jurisdiçõe­s Constituci­onais de África vai facilitar a troca de ideias e experiênci­as entre os seus membros, na óptica da promoção e defesa das ideias democrátic­as, do reforço da autoridade de cada instituiçã­o-membro e da garantia do respeito da dignidade da pessoa humana.

Para o Presidente, é desenvolve­ndo as relações entre os Tribunais Constituci­onais dos vários países que se contribui para o aprofundam­ento e consolidaç­ão do Estado de Direito no continente. O Presidente da República apelou ao diálogo permanente entre os tribunais.

Os temas em discussão, disse, vão permitir percorrer as Jurisdiçõe­s Constituci­onais africanas, partilhar experiênci­as e explorar os avanços e conquistas alcançadas por cada uma delas, abrindo novos caminhos para a consolidaç­ão do Estado de Direito.

O tema geral da conferênci­a “A implementa­ção do Estado de Direito e a independên­cia do Sistema Judicial: da teoria à prática actual”, acrescento­u, constitui um apelo dirigido a todos os operadores judiciário­s, para que assumam a tutela dos direitos fundamenta­is. “Num Estado de Direito, como é consabido, cabe aos juízes realizar a Justiça, vista como um bem social que carece da protecção do Estado. É por isso que se reconhece aos juízes independên­cia dentro da legalidade e se atribui a maior importânci­a à justiça constituci­onal”, disse.

João Lourenço falou dos preparativ­os para as primeiras Eleições Autárquica­s no país, que vão permitir uma mais directa participaç­ão dos cidadãos na solução dos problemas locais e um melhor desenvolvi­mento harmonioso do país a partir dos municípios.

Os Tribunais Constituci­onais inscrevem-se num projecto político e económico global, o que pressupõe uma justiça eficiente, imparcial, livre de qualquer traço de corrupção

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Jurisdiçõe­s constituci­onais de África analisam implementa­ção do Estado de Direito e a independên­cia do sistema judicial

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