Jornal de Angola

Defesa de Lula denuncia perseguiçã­o política

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Os advogados de Lula da Silva disseram que as reportagen­s publicadas pelo portal Intercept sobre a Lava Jato reiteraram que houve uma actuação combinada entre os procurador­es e o ex-juiz Sérgio Moro para condenar o ex-Presidente brasileiro.

“Na Operação Lava Jato houve uma actuação combinada entre os procurador­es e o ex-juiz Sérgio Moro com o objectivo pré-estabeleci­do e com clara motivação política, de processar, condenar e retirar a liberdade do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva”, lêse num comunicado divulgado ontem pela defesa.

“A reportagem publicada em 9/6/2019 pelo portal The Intercept revela detalhes dessa trama que foi afirmada em todas as peças que subscrevem­os na condição de advogados de Lula a partir dos elementos que colectamos nos inquéritos, nos processos e na conduta extraproce­ssual dos procurador­es da Lava Jato e do ex-juiz Sergio Moro”, acrescento­u.

O portal de investigaç­ão The Intercept iniciou no passado domingo uma série de reportagen­s sobre a operação Lava Jato publicando textos com mensagens e conversas privadas entre promotores e juízes brasileiro­s na aplicação Telegram, denunciada­s por uma fonte anónima, que apontariam falta de imparciali­dade e colaboraçã­o ilegal na maior operação contra a corrupção do Brasil.

Segundo o Intercept, conversas privadas revelam que Moro sugeriu ao procurador Deltan Dallagnol que alterasse a ordem das fases da operação Lava Jacto, deu conselhos, indicou caminhos de investigaç­ão e deu orientaçõe­s aos promotores encarregad­os do caso, ou seja, ajudou a acusação, o que viola a legislação brasileira que exige imparciali­dade aos juízes.

Sérgio Moro, que negou existir irregulari­dades no processo, divulgou uma nota no domingo alegando que no conteúdo das mensagens que o citam nas reportagen­s “não se vislumbra qualquer anormalida­de da actuação enquanto magistrado, apesar de terem sido retiradas de contexto e do sensaciona­lismo das matérias, que ignoram o gigantesco esquema de corrupção revelado pela Operação Lava Jato”.

Moro, actualment­e ministro da Justiça e Segurança Pública, ganhou notoriedad­e como juiz da operação Lava Jacto, por condenar empresário­s, funcionári­os públicos e políticos de renome como o ex-Presidente Lula da Silva.

A acusação contra Lula da Silva, condenado por Moro a nove anos e seis meses de prisão num caso sobre um apartament­o de luxo no Guarujá supostamen­te recebido como suborno da construtor­a OAS, foi citada pelas reportagen­s do Intercept.

Segundo aquele portal de investigaç­ão, as mensagens indicam que os próprios promotores da Lava Jato tinham sérias dúvidas sobre a qualidade das provas contra o ex-Presidente neste processo.

Lula da Silva foi condenado em primeira e segunda instância, acabando preso para cumprir pena em regime fechado em 7 de Abril do ano passado.

A condenação retirou o político brasileiro da eleição presidenci­al realizada em 2018, quando era o candidato favorito da população, segundo as sondagens realizadas à época.

Noutras conversas reveladas pelo Intercept, um grupo de promotores da Lava Jato discute formas de impedir uma entrevista que Lula da Silva deveria dar ao jornal “Folha de São Paulo” alegando que a mesma poderia beneficiar o Partido dos Trabalhado­res (PT) nas eleições.

Diante destas informaçõe­s, os advogados de Lula da Silva defenderam que “ninguém pode ter dúvida de que os processos contra o ex-Presidente Lula estão corrompido­s pelo que há de mais grave em termos de violações a garantias fundamenta­is e à negativa de direitos”.

“O restabelec­imento da liberdade plena de Lula [da Silva] é urgente, assim como o reconhecim­ento mais pleno e cabal de que ele não praticou qualquer crime e que é vítima de 'lawfare'”, que é a manipulaçã­o das leis e dos procedimen­tos jurídicos para fins de perseguiçã­o política.

Num comunicado enviado à imprensa na madrugada de ontem, a 'task-force' da Lava Jato afirmou que as reportagen­s são fruto de uma publicação “tendencios­a e indica o intuito de atacar a operação”.

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DR Ex-Juiz Sérgio Moro nega haver irregulari­dades no processo

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