Papel e lugar dos acervos enaltecido por historiador
Os arquivos constituem instrumentos importantes para a preservação e valorização do património histórico-cultural da nação e podem contribuir para fundamentar a tomada de decisões em diversos domínios da vida pública e privada, defendeu, sábado, em Luanda, o historiador Honoré Mbunga.
O também chefe de Departamento de Investigação e Atendimento do Arquivo Nacional de Angola teceu tais declarações numa palestra realizada em alusão ao Dia Internacional dos Arquivos, celebrado domingo, dia 9, na Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto.
Durante a palestra sobre “Conservação dos arquivos. Que espaço e edifício para o futuro?”, o historiador esclareceu à plateia que, no âmbito da implementação da Lei Geral dos Arquivos, o Arquivo Nacional de Angola (ANA) pretende chamar a atenção de todas as instituições e indivíduos, que lidam com documentos, no sentido de consciencializálos, sobre a conservação e protecção deste património histórico-cultural nacional.
“O arquivo é o local onde se guarda e se conserva, devidamente acautelados, classificados e ordenados, todos os documentos de interesse para a vida de um país, de uma instituição, de uma empresa ou mesmo de um indivíduo”, explica, para de seguida descrever tecnicamente aos estudantes as condições gerais que se deve adoptar relativamente aos depósitos de arquivos, com base no Conselho Internacional dos Arquivos.
Honoré Mbunga explicou que, devido a características como autenticidade, imparcialidade, naturalidade e organização, os arquivos podem ajudar os decisores políticos e académicos na tomada de decisão ou na fundamentação de hipóteses, porque grande parte do acervo contém informações relevantes sobre assuntos de interesse científico-histórico, bem como de valor administrativo, político e cultural.
“Os documentos de arquivo ajudam a comprovar a legalidade e transparência das acções institucionais, públicas ou privadas. Quando bem geridos, os arquivos contribuem para o asseguramento da eficiência, da economia e da legalidade das instituições”, explica o historiador e autor do livro “Como Elaborar um Projecto?”.
O investigador revela que, no Arquivo Nacional de Angola, se encontra a documentação produzida por todos os órgãos da antiga Secretaria do Governo Geral de Angola (SGGA), desde o órgão central até às secretarias dos governos distritais e locais.
O documento mais antigo, revela, é uma carta patente do capitão-mor e governador da conquista de Angola e suas províncias, D. Francisco de Almeida, para D. Filipe, rei de Portugal, datada de Setembro de 1591.
O historiador contou aos estudantes que o surgimento dos arquivos nacionais, o desenvolvimento da ciência arquivística e a proliferação de instituições superiores e/ou universidades, no mundo, levaram a que a utilização dos documentos de arquivos fosse uma prática frequente, pelos utilizadores, com destaque para os investigadores, professores e estudantes.
Portanto, para o historiador, o maior problema que os arquivistas enfrentam, no exercício das suas actividades é a falta de espaço, nas suas instituições. “A conservação dos arquivos depende, em grande parte, das condições gerais dos depósitos dos mesmos. A concepção de edifícios para arquivos deve ser conforme recomenda o Conselho Internacional dos Arquivos”, finalizou.