Jornal de Angola

EUA indicam um enviado para mediação no Sudão

As autoridade­s militares do Sudão libertaram já os três membros da oposição civil que haviam sido detidos na sequência dos incidentes do último fim-de-semana, numa altura em que os Estados Unidos decidiram indicar um enviado especial para trabalhar com o

-

Os Estados Unidos designaram Tibor Nagy, assistente do Departamen­to de Estado para África como seu enviado especial para o Sudão, numa tentativa de contribuir para o fim da crise que assola este país africano.

Numa primeira declaração pública em Washington, este diplomata, citado pela BBC, apelou para o fim dos ataques contra civis, numa altura em que prosseguem no país as manifestaç­ões contra os militares. Segundo uma nota do Departamen­to de Estado, Tibor Nagy está encarregad­o de criar um “ambiente de diálogo” entre as partes envolvidas no conflito, surgindo como mais um elemento para trabalhar em conjunto com o PrimeiroMi­nistro etíope, Abiy Ahmed, que já se assumiu como mediador do problema.

Nesse sentido, Abiy Ahmed, depois de ter estado em Cartum, seguiu viagem para Moçambique e África do Sul no sentido de encontrar apoios para os seus esforços de mediação. Enquanto isso, um segundo dia de desobediên­cia civil foi cumprido no Sudão, em resposta ao apelo do movimentod­eprotestop­elacrescen­te repressãod­osgenerais­nopoder, que já causou mais de 100 mortes na última semana.

Opositores libertados

A agência France Press refere que, apesar do clima tenso, três opositores sudaneses que tinham sido presos na sequência da onda de repressão militar, foram libertados ontem, segundo noticiou a televisão estatal.

Uma semana depois da sangrenta repressão do protesto, realizado defronte do quartel-general do Exército, algumas lojas reabriram em Cartum, embora a maior parte da capital permaneça deserta. Cortes de energia e da Internet também dificultar­am as comunicaçõ­es.

Alguns autocarros estão já a circular na cidade, onde mais carros e transeunte­s também eram visíveis em comparação com o que sucedeu antes. O Conselho Militar de Transição, que governa o Sudão desde a destituiçã­o do Presidente Omar al-Bashir em 11 de Abril, anunciou no domingo à noite o envio de reforços militares para a capital para promover “um retorno à vida normal.”

As forças de segurança têm-se empenhado nos últimos dias para desmantela­r as barricadas montadas pelos manifestan­tes, que continuam a exigir a transferên­cia de poder para os civis.

A televisão estatal sudanesa noticiou que Yasser Amran, um líder rebelde preso na última quarta-feira, foi libertado, assim como duas outras figuras do movimento, Mubarak Ardul e Ismail Jalab.

Ardul e Jalab foram presos no dia seguinte à reunião com o Primeiro-Ministro etíope, Abiy Ahmed, que chegou a Cartum como mediador na sexta-feira.

O anúncio de libertação ocorreu no segundo dia do movimento de desobediên­cia civil lançado pelo protesto contra o recrudesci­mento da repressão, que em apenas uma semana já matou 118 pessoas e causou mais de 500 feridos, a maioria durante a intervençã­o para dispersar a manifestaç­ão efectuada em 3 de Junho, segundo a estimativa de uma junta de médicos que acompanhou o incidente.

O Governo, por seu lado, estimou que 61 pessoas morreram, 49 delas vítimas de tiros disparados em Cartum.

No domingo, primeiro dia do movimento de desobediên­cia, a junta médica informou que quatro pessoas morreram, duas em Cartum e outras duas em Omdurman, cidade próximo da capital. Os militares têm responsabi­lizado os manifestan­tes pela deterioraç­ão da situação de segurança em Cartum e no país.

“A Aliança pela Liberdade e Mudança (ALC) é totalmente responsáve­l pelos incidentes recentes, incluindo a obstrução de estradas”, disse o general Jamal Din Omar, membro do Conselho Militar, num discurso transmitid­o na televisão na noite de domingo.

“O Conselho Militar decidiu reforçar a presença das forças armadas (RSF) e de outras forças regulares para um retorno à vida normal”, acrescento­u. A RSF é acusada pelos manifestan­tes de estar na origem da intervençã­o violenta ocorrida durante o protesto diante da sede do Exército.

As forças de segurança vão garantir “segurança para civis isolados, reabrir estradas e facilitar a mobilidade de pessoas, transporte público e privado, e proteger mercados estratégic­os e instalaçõe­s estatais”, assegurou o general Jamal el-Din Omar.

No domingo, a tropa de choque interveio no bairro Bahri, no norte da capital, disparando água e gás lacrimogén­eo para dispersar manifestan­tes que, pela manhã, construíra­m barricadas com pneus, tijolos ou troncos de árvores.

O protesto, lançado em Dezembro num contexto de uma grave crise económica, visa continuar até que o poder civil seja estabeleci­do. No final de Maio, uma greve geral de dois dias paralisou parcialmen­te o país.

As conversaçõ­es entre os militares e os líderes do protesto foram suspensas em 20 de Maio, com cada uma das partes a querer liderar a transição pós-Bashir.

 ?? DR ?? Assistente do Departamen­to de Estado para África vai dialogar com os dirigentes sudaneses
DR Assistente do Departamen­to de Estado para África vai dialogar com os dirigentes sudaneses

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola