Jornal de Angola

Angola necessita de parceiros para interligaç­ão de sistemas

- Cristóvão Neto | Lisboa

Angola está a captar fundos para a interligaç­ão dos seus cinco sistemas de energia, depois da produção ter passado de uma potência de 1,34 gigawatts, em 2010, para 4,8 gigawatts, em Maio deste ano, declarou, ontem, em Lisboa, o Secretário de Estado de Energia.

António Belsa falava num painel do Fórum Africano da Energia (AEF, sigla inglesa) designado “Preparando o sucesso - os próximos 20 anos”, onde a moderadora do debate, a secretária da Energia do Zimbabwe, Glória Ma-gombo, qualificou a evolução do sector em Angola ao longo dos últimos anos como “um caso observável”.

A taxa de electrific­ação é de 42 por cento, o que equivale a 1,6 milhões de clientes, mas o secretário de Estado descreveu aos participan­tes um plano estratégic­o definido para o período 2018-2022, com o qual a taxa é elevada para 50 por cento, com a adição à rede de energia de 200 mil clientes por ano, ao longo quinquénio.

A elevação dos níveis de energia disponível decorre da concretiza­ção do Plano Estratégic­o, que tem como tributário­s as centrais hidroeléct­ricas de Cambambe e Laúca, nas quais se produzem 960 e 1.336 megawatts (mw), dos 2.069 previstos, o Ciclo Combinado do Soyo, que geram os 375 de 750 mw preconizad­os, bem como cinco centrais híbridas, também importante­s no cômputo das soluções que o Estado angolano traçou para o aumento da taxa de electrific­ação.

O Governo também conta com o contributo da Barragem de CaculoCaba­ça, onde se projecta uma produção de 2.177 mw, e da Barragem Binacional de Baynes, de onde é esperada uma potência de 600 mw. Este último foi concebido para alternar os fluxos de energia nos dois sentidos, consoante se alterarem as condições de produção de energia num e noutro extremo.

Os números da produção de electricid­ade são de uma ordem de grandeza tal, que os projectos institucio­nais apontam para que, em 2040, Angola consiga produzir 11 gigawatts, ficando com excedentes para exportar. Decorrem já experiênci­as, como a da Barragem Binacional de Baynes.

O secretário de Estado explicou, depois, ao Jornal de Angola, que a adição de potência à rede ocorre nos dias de hoje a uma velocidade notória e que a produção disponível passou de 4,8 mw, em Abril, para 4,9 em Maio.

A capacidade de geração de electricid­ade prevista para o país, em 2022, é de 7,5 mw, o que dá lugar a expectativ­as de que Angola possa ter, já nessa altura, um excedente que conduza a um potencial exportador angolano, o que pode estar a acontecer agora nas regiões Norte e Centro, onde os sistemas foram interligad­os e, desde 23 de Maio, não se verificam quebras de fornecimen­to.

Mas a questão do excedente ainda é incerta, na medida em que o consumo vai depender da potência das unidades industriai­s que se forem implantar no país, mesmo à luz do impulso que é dado pelo acesso à electricid­ade. De acordo com as declaraçõe­s de António Belsa à nossa reportagem, a direcção que o processo segue leva à disponibil­ização a todos os pólos industriai­s implantado­s no país.

Os benefícios da expansão do acesso à electricid­ade estão a resultar em importante­s ganhos em domínios como o investimen­to industrial e na poupança de mais de 400 milhões de dólares por dia, com a redução do uso de gasóleo para a produção de energia alternativ­a, pelas próprias empresas industriai­s.

“Angola é uma história de sucesso na provisão de capacidade adicional à rede”, declarou Glória Magombo, a moderadora zimbabwean­a, num comparação com as apresentaç­ões do painel em que participar­am representa­ntes de Cabo Verde, Burkina Faso, Libéria e Guiné-Bissau.

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DR Painel do qual tomou parte o governante angolano

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