Prémio de apuramento opõe jogadores e direcção da FAF
Capitães forçam paralisação dos trabalhos no estágio em Portugal por falta de disponibilidade do elenco de Artur Almeida para dialogar
A falta de esclarecimento, por parte da Federação Angolana de Futebol, sobre o prémio de 600 mil dólares dados a cada uma das 24 selecções apuradas para a 32ª edição do CAN, a ter lugar de 21 de Junho a 19 de Julho, no Egipto, fez estalar o verniz nos Palancas Negras.
Por indisponibilidade para o diálogo do presidente da FAF, Artur Almeida e Silva, os jogadores às ordens do sérvio Srdjan Vasiljevic, liderados pelos capitães Mateus Galiano e Djalma Campos, decidiram paralisar os trabalhos na segunda-feira, sem garantia de regresso ontem.
O Jornal de Angola apurou de fonte próxima aos atletas, que o líder do organismo federativo recusou-se a sair da cidade do Porto para abordar a questão com o grupo em Aveiro. Teve de ser o seleccionador nacional, diante do quadro de insatisfação dos pupilos, a ir ao encontro do dirigente.
A tranquilidade até então reinante no balneário, apesar das notícias de falta de dinheiro, começou a esfumar-se no sábado, durante o amistoso frente aos Djurtus da Guiné-Bissau, que os Palancas Negras venceram por 20. De acordo com os relatos, os jogadores angolanos ouviram dos colegas guineenses a informação de que receberam 15 mil dólares cada um, premiação suportada pela CAF.
O nosso jornal apurou ainda que os atletas pretendiam tratar com Artur Almeida o pagamento das diárias, visto não terem recebido qualquer subsídio desde a concentração a 31 de Maio, no Algarve. Diante do quadro de carência financeira, propuseram o valor de mil euros para cada um, de modo a acudir necessidades básicas, como a compra de produtos de higiene pessoal, recargas telefónicas e viagens de táxi nos dias livres.
Foram infrutíferas todas as tentativas de contactar o presidente da Federação, cujo regresso ao país esteve previsto para ontem, bem como o vice para as Selecções Nacionais, Adão Costa, que chefia a comitiva em Portugal.
Aventa-se a possibilidade de o secretário de Estado para o Desporto, Carlos Almeida, viajar de urgência com o propósito de serenar os ânimos no balneário. Antigo desportista de eleição, com vários títulos africanos de basquetebol e presença em mundiais e Jogos Olímpicos no currículo, é apontado como a pessoa capaz de trazer de volta a harmonia, depois de instalado o ambiente de desconfiança.
Os jogadores contestam o facto de o “número um” da FAF alegadamente questionar o patriotismo do grupo. Chegaram mesmo a lembrar a última peripécia passada em Outubro à chegada a Nouakchott, capital da Mauritânia, em que foram obrigados a dormir no chão, durante as oito horas de espera no aeroporto.
No regresso à maior montra do futebol continental, a equipa nacional, emparceirada no Grupo E, ao lado da Tunísia, Mauritânia e Mali, ambiciona a superação da barreira da primeira fase, na edição de estreia dos oitavos-de-final, face ao alargamento da competição de 16 para 24 países.