Jornal de Angola

“VazaJato” é tsunami a favor de Lula da Silva

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O final de semana no Brasil foi agitado, sobretudo pelo vazamento, no final da tarde do domingo, de conversas entre o ex-juiz federal e hoje ministro da Justiça, Sérgio Moro, e o procurador federal Deltan Dallagnol. O caso representa, na visão do jurista Belisario dos Santos Júnior, “um tsunami” que poderia levar à anulação do processo contra o ex-Presidente Lula.

Em entrevista concedida segunda-feira à revista “Diálogos do Sul”, esclareceu que a defesa deve ter a mesma condição que a acusação. Se um juíz não é independen­te, “o esquema do sistema acusatório se desfaz”.

Questionad­o sobre a possível ilegalidad­e das provas utilizadas pelo “The Intercept” (já que elas foram — supostamen­te — conseguida­s por meio de um hackeament­o ilegal), o jurista diz ver com simpatia as revelações. Para ele, “agentes públicos têm um direito a privacidad­e atenuado, eles devem cumprir as leis. E o caso revela que eles assim não fizeram”, logo, não há problema na divulgação dos conteúdos.

Santos é formado em direito pela Faculdade do Largo São Francisco da USP, foi membro da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal da OAB, é exsecretár­io de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo durante a gestão Mário Covas (PSDB) entre 1995-2000. Actualment­e é membro da Comissão de Justiça e Paz da Arquidioce­se de São Paulo e integra a Comissão Internacio­nal de Juristas, com sede em Genebra, na Suíça.

Condecoraç­ão polémica

O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, condecorou ontem com a Ordem de Mérito Naval o ministro da Justiça, Sérgio Moro, envolvido no escândalo por alegada interferên­cia no processo Lava Jato, enquanto juiz.

A condecoraç­ão a Moro acontece dois dias depois da publicação de reportagen­s com mensagens trocadas por Moro e o promotor Deltan Dallagnol, chefe dos procurador­es da Lava Jato que, segundo o sítio de jornalismo de investigaç­ão The Intercept, colocaram em causa a imparciali­dade da maior acção contra corrupção do Brasil.

O Presidente brasileiro ainda não se manifestou pessoalmen­te sobre as revelações, mas declarou confiar no seu ministro da Justiça, segundo o secretário de Comunicaçã­o da Presidênci­a brasileira, Fabio Wajngarten.

Antes de se deslocarem para o evento na Marinha, Bolsonaro teve um reunião com Moro no Palácio da Alvorada, residência oficial do Chefe de Estado brasileiro.

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