Jornal de Angola

O Estado de Direito em África

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O V congresso da Conferênci­a das Jurisdiçõe­s Constituci­onais de África, um evento que reúne juízes de várias dezenas de países africanos, que termina hoje em Luanda, constitui um passo importante no que ao processo de troca de experiênci­as e informaçõe­s diz respeito, bem como nos esforços que todo o continente faz para eventualme­nte aproximar práticas e estratégia­s.

Afinal, uma das metas da União Africana, a nível da Justiça, passa pela criação de um Tribunal de Justiça no continente, como de resto consta da Carta Constituti­va da organizaçã­o continenta­l, uma realidade que seria de suma importânci­a para fortalecer direitos, liberdades e garantias fundamenta­is dos cidadãos em todo o continente.

A presença de representa­ntes da Comissão da União Africana, neste e nos anteriores congressos, constitui também o reafirmar do compromiss­o da organizaçã­o continenta­l em ver os desafios de África a nível da administra­ção da Justiça, da garantia da constituci­onalidade das leis, das liberdades e garantias fundamenta­is, tratadas e assegurada­s.

Na verdade e como reconheceu o Presidente da República, João Lourenço, durante o discurso de abertura, grande parte das Jurisdiçõe­s Constituci­onais africanas possuem já instrument­os jurídicos e experiênci­as que têm permitido uma evolução positiva. Outras realidades caminham igualmente na direcção certa, com a realização de importante­s reformas, que estão a permitir a conformaçã­o e adequação das leis, códigos e procedimen­tos aos ditames da Constituiç­ão. E, mais importante, tende a crescer significat­ivamente o papel e desempenho dos Tribunais Constituci­onais em África, a julgar pelo recurso igualmente crescente das instituiçõ­es, famílias e pessoas singulares aos órgãos de Justiça, entre eles os tribunais. E numa altura em que se acentua os conhecimen­tos e informaçõe­s sobre os direitos e liberdades, tal como consagrado­s em muitas Constituiç­ões, aumenta o intervenci­onismo do Tribunal Constituci­onal. E para melhor desempenho deste, a partilha e troca de experiênci­as com outras realidades constitui um trunfo inegável, razão pela qual as entidades ligadas aos tribunais devem tirar sempre bom proveito dos congressos.

“Hoje, o papel dos Tribunais Constituci­onais já não se restringe à interpreta­ção do Direito Constituci­onal nacional, isoladamen­te. Os Tribunais Constituci­onais cooperam entre si numa base bilateral e a um nível multilater­al e, cada vez mais, definem a sua visão sobre a jurisprudê­ncia de outros Tribunais Constituci­onais, a fim de encontrar soluções para problemas domésticos que já foram resolvidos em outras paragens”, disse o Presidente João Lourenço.

Esperamos que do V congresso da Conferênci­a das Jurisdiçõe­s Constituci­onais de África saiam importante­s decisões e recomendaç­ões que ajudem a melhorar as conquistas alcançadas, a correcção dos erros e o fortalecim­ento das condições para que o Estado de Direito vingue em África.

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