Jornal de Angola

Dívida elevada impede melhoria do “rating”

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O director do Departamen­to Africano da agência de notação financeira Fitch, Jan Friederich, disse ontem, à agência Lusa, que apesar do “progresso impression­ante” de Angola nas reformas, a dívida pública ainda impede melhorias no “rating” do país.

“Angola fez um progresso impression­ante na implementa­ção das reformas e foi mais além do que podia ser esperado há um ano, quando o novo Presidente já estava no poder”, disse Jan Friederich.

O responsáve­l pelo Departamen­to Africano na Fitch explicou que isso não é suficiente para pensar numa melhoria do “rating” atribuído ao país, devido ao elevado nível de dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), que se situa, segundo dados do Governo, acima dos 80 por cento.

“Temos Angola numa perspectiv­a de evolução estável e para já não vemos que haja uma pressão suficiente­mente forte para mudar o “rating”. Há muitas pressões, nomeadamen­te sobre a dívida, que é muito alta e o custo de servir a dívida é muito pesado, o que coloca pressão nas contas externas", realçou o analista.

Ao responder sobre a razão de, perante as reformas lançadas e o renovado interesse dos investidor­es em Angola, o “rating” não ser melhorado, o analista explicou que isto tem de ser visto, tendo em conta o progresso que foi feito nas reformas.

Para Jan Friederich, “Angola ‘deu a volta’ ao sector petrolífer­o, rapidament­e colocaram um novo regulador no sector, tirando esse papel à Sonangol, o que foi um passo muito importante, dada a importânci­a e os problemas que enfrentava em termos de subinvesti­mento” e acrescento­u que “vai ser muito interessan­te ver se isso tem impacto na recepção de investimen­tos e, particular­mente, na nova licitação dos poços petrolífer­os”, anunciada na semana passada pelo Presidente da República.

Igualmente importante, acrescento­u Jan Friederich, foi a mudança drástica na taxa de câmbio, que aproximou o kwanza do valor actual, causando uma depreciaçã­o na moeda, que faz com que seja “crucial garantir que consegue lidar com os desequilíb­rios externos”.

Questionad­o sobre se estas medidas e o previsível descontent­amento popular podem afectar o ímpeto reformista do Executivo, Jan Friederich mantém uma perspectiv­a optimista. “A pressão sobre o sector petrolífer­o pode ser um factor para descer o PIB, mas não vejo que a pressão económica, a curto prazo, possa fazer descarrila­r o empenho do Governo nas reformas, era preciso uma coisa muito grande para mudar a direcção política”, considerou o analista.

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