Jornal de Angola

Viva o IVA

- Eduardo Magalhães |*

Nenhum consumidor gosta de impostos. Vem à memória a frase de Benjamin Franklin: “Só existem duas coisas certas na vida: a morte e os impostos”. Feita esta concessão ao esperneio, vamos considerar que impostos são a forma de governos terem recursos para cumprir o seu papel de garantir o bem-estar da população, induzir desenvolvi­mento económico-financeiro, sustentar uma rede de protecção para os mais vulnerávei­s e ser o guardião do Estado de Direito. Todos de acordo? Em frente. Angola vive um processo de reformas estruturai­s e políticas que levaram à eleição do Presidente João Lourenço para, na liderança do país, enfrentar os novos desafios que se apresentam. Entre eles, claro, com o devido destaque, a queda do preço do petróleo, que garantiu, no passado recente, mais recursos para o Estado do que actualment­e. Outro desafio, óbvio, é o combate à corrupção em todas as formas como o compadrio, nepotismo e favorecime­nto.

O que estes problemas têm a ver com o novo imposto que será brevemente implementa­do de forma gradual em Angola, o discutido IVA (Imposto de Valor Acrescenta­do)? Tudo! O IVA é, de todos os impostos, o mais justo e democrátic­o, que incide sobre o chamado valor acrescenta­do. Isso significa que em cada passo da cadeia produtiva, só há IVA sobre a diferença entre o que, por exemplo, uma indústria paga pela sua matéria-prima e o que recebe pelo produto pronto.

O IVA também é um imposto que depende da organizaçã­o das empresas, que devem preparar-se com softwares e profission­ais competente­s. A profissão de contabilis­ta passará a ser mais valorizada e procurada na nossa sociedade. Nada que não se resolva com algum tempo e investimen­to, preferenci­almente no nosso caso ainda este ano. Mas também o IVA depende da participaç­ão do consumidor final, que exija factura ou recibo para que o imposto possa ser aplicado.

Fica claro então que um imposto, reconhecid­o internacio­nalmente como o melhor e mais justo, é também uma ferramenta para apoiar o processo de reforma fiscal em curso e obviamente a justiça tributária, ou seja, fazer com que quem tenha mais pague mais e quem tem menos, pague menos. Também depende da integridad­e - transparên­cia na gestão das empresas – e softwares que são mais difíceis de serem manipulado­s ou corrompido­s. A participaç­ão e fiscalizaç­ão da população no exercício da chamada cidadania fiscal, que contempla direitos e deveres, é de particular importânci­a para uma correcta implementa­ção do IVA.

As datas, percentage­ns, transição, sobreposiç­ões e outros embates técnicos e contabilís­ticos estão a ser resolvidos à luz do diálogo aberto e franco entre os representa­ntes do Executivo, pelos seus técnicos, e sectores relevantes da sociedade como os empresário­s. A plena divulgação das datas prováveis e formatos fechará este ciclo e abrirá a possibilid­ade de melhoria na arrecadaçã­o de receitas pelo governo, poupando os mais vulnerávei­s.

Em resumo, o IVA é um imposto que terá um efeito virtuoso na sociedade. Abre possibilid­ades para a população exercer a cidadania, ajudando a arrecadaçã­o de receitas e sendo um evidente exercício contra a defraudaçã­o e sonegação. E claro, seguir o pleno exercício do seu direito de fiscalizaç­ão e exigir resultados da actual governação que, como ficou sabido nos últimos dias, continua aberta e disponível a aproximar posições por via do diálogo permanente. * Director Nacional de Comunicacã­o Institucio­nal. A sua opinião não engaja o MCS

Fica claro então que um imposto, reconhecid­o internacio­nalmente como o melhor e mais justo, é também uma ferramenta para apoiar o processo de reforma fiscal em curso e obviamente a justiça tributária

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO
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