Artes Sol dá lição de boa governação
Com algumas adaptações, improvisos e criatividade das actrizes, a Companhia Artes Sol terminou, na noite de sábado, de forma brilhante, a participação na XVI edição do Festival Internacional de Teatro de Inverno de Moçambique (FITI), com a exibição do espectáculo de teatro “Tomara que chova... mas bem longe daqui”.
A boa preparação física das actrizes, o entrosamento, as marcações em palco, aliados ao suporte técnico luminoso e sonoro da organização do festival foram aspectos determinantes para a qualidade e sucesso do espectáculo realizado no sábado, no Teatro Avenida, em Maputo.
Uma sala bem composta, sobretudo porque o festival, que fechou ontem as cortinas, já conquistou o próprio público no mercado das artes cénicas, em particular do teatro, em Maputo, marcou a actação de sábado.
“Tomara que chova...mas bem longe daqui” é uma peça actualizada pelo ângulo de abordagem sociopolítica pela qual foi criada. A busca de um mundo mais humanista, onde a partilha dos bens deveriam ser melhor distribuídos, foi uma proposta ousada, pela complexidade do tema apresentado na peça.
A peça retrata várias situações constrangedoras, por falta de vontade política, por parte de alguns governantes que pouco fazem para melhorar a vida social das população. A corrupção, ganância e bajulação são realidades muito comuns nos países africanos, que dificultam o desenvolvimento do continente.
A peça é de certa forma um apelo ao combate às más práticas. O sentido crítico e o activismo social presente na repórter da rádio “Lobo”, papel interpretado pela actriz Marlene Rafael, mostrou a preocupação e o papel interventivo da juventude, que pretende um país melhor para se viver.
O problema da elaboração de projectos sociais e construção de infra-estruturas “descartáveis” são pontos marcantes do espectáculo.
A peça ganha vida com a figura da secretária dona Amélia, interpretada pela actriz Filomena Manuel, sempre protectora e fiel a chefe Antónia Cassova, interpretada pela actriz e radialista Solangé Feijó.