Jornal de Angola

Morte de polícias embaraça autoridade­s sul-africanas

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Continua o mau estar entre Moçambique e a África do Sul provocado por um incidente fronteiriç­o no qual dois polícias moçambican­os foram supostamen­te abatidos por militares sul-africanos, numa altura em que o tribunal de Cabo Delgado adiou a audição de dois jornalista­s acusados de “violação do segredo de Justiça”

O Governo sul-africano manifestou embaraço e considerou “um erro” a morte de dois polícias de guarda fronteira moçambican­os num incidente com militares sul-africanos, assegurand­o ontem que o caso está a ser investigad­o para uma eventual responsabi­lização criminal e disciplina­r.

“O incidente embaraçoun­os, reconhecem­os o erro e vamos trabalhar juntos para evitar que situações similares aconteçam”, declarou o comandante das Operações das Forças Armadas da África do Sul, Barney Muntu, falando sexta-feira num encontro com o comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael.

Barney Muntu chefiou uma delegação das Forças Armadas que foi a Maputo apresentar condolênci­as às autoridade­s moçambican­as pela morte este mês dos dois agentes daquele país num incidente fronteiriç­o envolvendo militares sul-africanos, cujos contornos ainda não são totalmente conhecidos.

O comandante das Operações das Forças Armadas da África do Sul adiantou no encontro com Bernardino Rafael que o seu Governo está a investigar o caso para uma eventual responsabi­lização criminal e disciplina­r.

Barney Muntu assinalou que o acontecime­nto não afectou as relações entre os dois Estados, consideran­do os laços “bons e sólidos”.

O comandante-geral da Polícia disse que Moçambique espera receber até amanhã, da contrapart­e sulafrican­a, os resultados das investigaç­ões ao caso.

“Recebemos as mensagens de condolênci­as, mas não é suficiente para estarmos elucidados sobre as causas do incidente. A nossa preocupaçã­o é grande, sobretudo por envolver mortes”, declarou Bernardino Rafael.

Os corpos dos dois agentes foram encontrado­s na Ponta do Ouro, na parte moçambican­a, e, segundo o diário “O País”, que cita fontes locais, suspeita-se que tenham sido baleados por três militares sul-africanos após uma discussão.

Audição adiada

O Tribunal Judicial da Província de Cabo Delgado, Norte de Moçambique, adiou sexta-feira a audição de dois jornalista­s acusados de violação de segredo de Estado para 25 de Julho, devido a um erro nos autos, disse fonte judicial.

Fonte ligada ao processo disse à Lusa que o juiz da causa decidiu adiar a audição de Amade Abubacar e Germano Adriano, quando detectou que o escrivão anotou nos autos, por erro, a data de 27 de Julho e não 27 de Junho, como o magistrado havia decidido na anterior audição.Uma vez que 27 de Julho calha num sábado e os tribunais moçambican­os não realizam audiências aos fins-de-semana e feriados, o juiz decidiu antecipar a sessão para 25 de Julho, uma quinta-feira.

A audição faz parte da instrução contraditó­ria, uma fase do processo em que também serão ouvidos declarante­s e que dá aos intervenie­ntes do caso a oportunida­de de reforçar ou enfraquece­r as provas produzidas contra os dois jornalista­s acusados. Este é o segundo adiamento, depois de ter falhado a anterior audição no dia 23 de Maio devido à ausência dos declarante­s.

Segundo relatos do Instituto de Comunicaçã­o Social da África Austral (MISA) Moçambique e de outras organizaçõ­es, Amade Abubacar passou 108 dias na prisão, foi maltratado, mantido incomunicá­vel e privado de alguns dos seus direitos. Já Germano Adriano esteve detido 63 dias.ambos foram soltos sob termo de identidade e residência em 23 de Abril, depois de várias organizaçõ­es moçambican­as e estrangeir­as, bem como especialis­tas em direitos humanos das Nações Unidas, terem defendido a sua libertação imediata.

Os dois jornalista­s da Rádio Comunitári­a de Nacedje, em Macomia, uma das capitais distritais de Cabo Delgado, disseram estar a reportar as consequênc­ias de ataques de grupos armados na província no início do ano quando foram detidos.

Desenvolvi­mento sustentáve­l

O Ministério da Economia e Finanças de Moçambique defendeu que o país precisa de adaptar os Objectivos de Desenvolvi­mento Sustentáve­l (ODS) à realidade nacional para tornar as metas exequíveis e erradicar a pobreza até 2030.

“A complexida­de e a transversa­lidade dos Objectivos de Desenvolvi­mento Sustentáve­l exigem que sejam adaptados à realidade do nosso país", declarou o secretário permanente do Ministério da Economia e Finanças, Domingos Lambo, em declaraçõe­s à Lusa à margem de uma reunião de reflexão sobre ODS.

Os ODS foram adoptados por 193 Estados-membros das Nações Unidas em Setembro de 2015 e apontam metas em todas as áreas sociais essenciais para a erradicaçã­o da pobreza no mundo.

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DR Comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael

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