“Sou espontâneo a criar sob o toque do violão”
A música com violão a solo tem poucos entusiastas na periferia de Cacuaco. Sebana, que prefere apresentar-se nas praias da vila piscatória, e Leonardo Júnior, que organiza shows em bares, são alguns deles. Exímios cantores, os dois apresentam-se ao público para mostrar valor, conquistar algo, conseguir algum pecúlio e lutar por um lugar ao sol.
Para Leonardo, a música é alma, vida e paixão, uma espécie de ar para o organismo. O músico de bar, que chegou a fazer 17 shows em diferentes locais num mês, acredita mesmo que sem esta arte dificilmente conseguiria viver muito tempo.
“Organizo shows de bar para ter dinheiro para comer e comprar outros bens de que necessito”, disse Leonardo, que defende a ideia de que os músicos devem ser mais valorizados.
Na sua opinião, “os grandes promotores têm preferências. Há muita gente que canta bem, mas não tem suporte. Falta alguma transparência na acção dos nossos promotores musicais. Entretanto, os programas televisivos estão a fazer um trabalho positivo, que se concretiza na aposta em novos talentos.”
O cantor começou a ter paixão pela música em 2006, por influência dos músicos brasileiros Leandro e Leonardo.
"Cantavam música sertaneja, da região do nordeste do Brasil, o estilo que adoptei igualmente.”
Leonardo Júnior afirma que fazer música em Angola é difícil. Contudo, acredita que já é possível fazer algum dinheiro e viver de sons e poesia. “Não é fácil, mas temos que ter fé e determinação.”
O violão é o seu instrumento de eleição. No início da carreira, “juntei dinheiro de seis meses para a compra de um violão em segunda mão. Depois veio a formação em guitarra em 2007. Na altura, tive necessidade de fazer músicas ao vivo para conseguir algum dinheiro para o bolso e para alimentação. O curso de violão foi um complemento importante naquela altura”, admite, informando que partiu para as sessões de aulas para tocar o instrumento e passados três meses já conseguia assumir composições.