Jornal de Angola

Faraós procuram manter a tradição

- Matias Adriano/Ismailia

Obediente à teoria de quem organiza ganha, o Egipto foi uma equipa sensaciona­l ao longo da primeira fase de grupos. Os Faraós foram audazes e mostraram que em casa deve mandar o dono. A equipa termina com um saldo de nove pontos, cinco golos marcados e nenhum sofrido.

É, na verdade, uma safra que permite fazer uma leitura pormenoriz­ada daquilo que será capaz de fazer lá mais para frente. Na abertura pareceu um pouco apático, diante de um Zimbabwe que deu luta do princípio ao fim. Noutros dois jogos foi uma máquina demolidora.

Talvez seja importante dizer que apenas uma vez o Egipto perdeu o título em casa. Em 1974 a favor do antigo Zaire. Das outras vezes não permitiu que uma outra selecção levasse a taça de casa. É esta tradição que Mohamed Salahh e companheir­os pretendem perpetuar.

Aliás, em 31 edições já disputadas, embora o lema de quem organiza seja vencedor, como sempre se apregoa,poucos países conseguira­m concretiza­r este objectivo. Na maioria das vezes os organizado­res conheceram a desdita de ver o troféu a escapar para mãos de forasteiro­s.

Os egípcios conservam a honra e o orgulho de só terem permitido a desfeita uma única vez. O primeiro campeonato disputado em solo egípcio, na época ainda com designação de República Árabe Unida, foi em 1957, cujo título ficou em casa.

Quinze anos depois foi a edição do fracasso. Mas, em 1986, o país voltou a receber a prova desse ano, e apesar da disputa verificada com as outras potências do futebol africano, o título ficou em casa, apesar da renhida refrega verificada na final em que venceu os Camarões aos penaltis, depois de um nulo no tempo regulament­ar.

Mal sucedido nas edições que se seguiram, cumprindo um jejum de perto de duas décadas, voltaria a assumir a organizaçã­o do torneio em 2006, e mantendo a tradição venceu com vitória sobre a Costa do Marfim, por 2-1. Vivendo no auge ainda repetiu a proeza em Luanda, para depois entrar em crise, que alguns associam aos acontecime­ntos da Primavera Árabe.

Tirando proveito da desistênci­a dos Camarões, que preparavam esta edição, mais uma vez organiza a prova. E pelo arranque que teve, tudo indica que o objectivo é manter a tradição. E se tiver de quebrá-la, será à custa de uma luta sem quartelcom­outrosconc­orrentes.

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DR Faraós fizeram o pleno na fase preliminar da competição

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