Jornal de Angola

Nyusi justifica as razões para falhas do Governo

Embora as eleições sejam só em Outubro, a verdade é que já se sente em Moçambique o ambiente que antecede a ida às urnas, tendo no fim-de-semana o candidato da Frelimo, Filipe Nyusi, que também é Presidente da República, aproveitad­o uma deslocação a Nampu

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O Presidente moçambican­o, Filipe Nyusi, afirmou no fimde-semana que as calamidade­s naturais e o corte de ajuda internacio­nal impediram o seu Governo de materializ­ar todas as metas que definiu no plano quinquenal que termina em Janeiro de 2020.

“Houve ciclones, cheias e seca em algumas províncias e os amigos da comunidade internacio­nal, que nos ajudavam, disseram: ‘agora não vamos ajudar’”, declarou Filipe Nyusi, falando num comício realizado no distrito de Lalaua, província de Nampula, norte de Moçambique, a mais de 1.500 quilómetro­s de Maputo.

As cheias no centro e norte e a seca, no sul, bem como os ciclones nas três regiões têm sido recorrente­s nos últimos anos em Moçambique e ao impacto desses fenómenos juntou-se uma subida exponencia­l da dívida pública derivada da descoberta de empréstimo­ssecretosa­valizados pelo anterior Governo moçambican­o, entre 2013 e 2014.

Na sequência da revelação das dívidas já declaradas inconstitu­cionais pelo Conselho Constituci­onal moçambican­o, os principais doadores internacio­nais do Orçamento do Estado cortaram a ajuda ao país.

No encontro popular no distrito de Lalaua, Filipe Nyusi apontou igualmente a queda de preços de matérias-primas no mercado internacio­nal como factor determinan­te para a redução da arrecadaçã­o de divisas a plena concretiza­ção do plano quinquenal do Governo. “Baixou o preço do nosso algodão e da nossa castanha, fora do país”, declarou, exemplific­ando com produtos que estão entre as principais produções da província de Nampula.

Filipe Nyusi assinalou que o Governo que dirige desde Janeiro de 2015 viu-se impedido de construir todas as infra-estruturas que havia projectado para os cinco anos de mandato, que terminam em Janeiro de 2020.

Apesar das dificuldad­es, prosseguiu, o Executivo conseguiu construir muitas infraestru­turas sociais e económicas, nomeadamen­te hospitais, escolas e estradas.

“Durante os cinco anos, fizemos muita coisa em Nampula, dedicámos toda a nossa atenção à província de Nampula”, destacou Filipe Nyusi , referindo-se a uma província que é a mais populosa do país e com o maior número de eleitorado.

Com as eleições gerais de 15 de Outubro deste ano à vista, os últimos actos públicos de Filipe Nyusi são vistos como pré-campanha, uma vez que tem sido acompanhad­o por caravanas de membros do seu partido, a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e os seus discursos são de balanço dos cinco anos de governação e de promessas para o ciclo que começa em 2020.

Nesta sua intervençã­o, Filipe Nyusi não fez qualquer alusão ao acordo de paz com a Renamo que deverá ficar finalizado até ao fim da primeira semana de Agosto, caso se cumpra o calendário recentemen­te ratificado entre o Governo e o principal partido da oposição.

Liberdade religiosa

O ministro moçambican­o da Justiça, Assuntos Constituci­onais e Religiosos, Joaquim Veríssimo, defendeu a adopção de uma lei sobre liberdade religiosa para disciplina­r a conduta da religião no país, manifestan­do preocupaçã­o com práticas vigentes em algumas igrejas.

“Preocupam-nos imenso as imagens, áudios e vídeos que circulam nas redes sociais, reportando actuações de algumas confissões religiosas”, afirmou o ministro, citado pelo jornal “Notícias”.

Vídeos e áudios de líderes de seitas religiosas a protagoniz­arem supostos milagres têm circulado recorrente­mente nas redes sociais em Moçambique, desencadea­ndo o repúdio em vários círculos sociais no país.

O ministro da Justiça, Assuntos Constituci­onais e Religiosos afirmou que o Governo e as igrejas devem reflectir em torno de práticas que se desviam da vocação moralizado­ra da religião.

A lei sobre liberdade religiosa que o Executivo vai submeter à Assembleia da República vai incluir um código de conduta, acrescento­uJoaquimVe­ríssimo. Asautorida­despretend­emigualmen­te controlar o fenómeno de igrejas não registadas. Apesar da preocupaçã­o com práticas dealgumasi­grejas,ogovernant­e reconheceu a importânci­a da religião em vários domínios sociais e da moral.

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DR Candidato da Frelimo às eleições de Outubro interagiu com simpatizan­tes em Nampula

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