Jornal de Angola

Líderes tentam consenso para os lugares de topo

Nova cimeira extraordin­ária junta Presidente­s e chefes de Governo da UE no dia em que o Parlamento Europeu realiza a sessão inaugural da nova legislatur­a

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Os líderes europeus voltam a reunir-se hoje em cimeira extraordin­ária para tentar encontrar um consenso sobre as nomeações para os cargos de topo na União Europeia, depois do fracasso de ontem que ditou o adiamento dos trabalhos da reunião em Bruxelas.

A chanceler alemã, Ângela Merkel, disse acreditar que os líderes europeus chegarão hoje a um consenso, depois de uma cimeira de mais de 18 horas que foi adiada sem acordo.

“Espero que, com boa vontade, seja possível chegar a um compromiss­o”, disse Merkel, em declaraçõe­s aos jornalista­s após a decisão anunciada no domingo pelo presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, de suspender os trabalhos mais de 18 horas depois do início da reunião em que se deveria ter chegado a um acordo sobre as nomeações para os cargos máximos da União Europeia (UE).

A Chefe do Governo alemão reconheceu que as discussões são “complexas”, salientand­o ainda que há posições muito diferentes entre alguns países, nomeadamen­te de “grandes Estados-membros que não aceitaram as propostas apresentad­as” domingo e oposição de alguns líderes que integram o Partido Popular Europeu à indicação do holandês Frans Timmermans para presidente da Comissão Europeia.

“A política faz-se tentando aplicar o que é possível e isso por vezes é demorado”, disse então, defendendo que “mais vale esperar mais um dia, dormir uma noite sobre o assunto e voltarmos para ver se há um novo ponto de vista. Vários líderes do Partido Popular Europeu (PPE), assim como a Itália, opuseram-se à solução negociada na cidade japonesa de Osaka, à margem da cimeira do G20, entre a chanceler alemã Angela Merkel (PPE), o presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez (Socialista­s) e o Presidente francês, Emmanuel Macron (Liberais), que previa a designação do socialista holandês Frans Timmermans para a presidênci­a da Comissão Europeia.

Fontes europeias indicaram que as últimas propostas sobre a mesa previam invariavel­mente Timmermans como presidente do Executivo comunitári­o, mas não houve entendimen­to sobre a distribuiç­ão dos restantes postos, incluindo os nomes da búlgara Kristalina Georgieva, do Partido Popular Europeu (PPE), para a presidênci­a do Conselho Europeu, do alemão Manfred Weber (PPE) para a presidênci­a do Parlamento Europeu, e do belga Charles Michel (Liberal) para Alto Representa­nte da UE para a Política Externa.

O novo adiamento aconteceu em cima do prazo limite para tentar encontrar um compromiss­o, uma vez que tem início hoje, em Estrasburg­o, França, a sessão inaugural da nova legislatur­a do Parlamento Europeu (PE), na qual será eleito o presidente da assembleia, um dos lugares de topo negociados 'em pacote'.

Críticas de Macron

O Presidente francês, Emmanuel Macron, considerou que a cimeira extraordin­ária suspensa represento­u um fracasso, deixando uma crítica implícita ao presidente do Conselho Europeu pelo desfecho.

Em declaraçõe­s à saída da reunião de Chefes de Estado e de Governo da União Europeia, interrompi­da por Donald Tusk ontem às 12h20 após 18 horas de discussões, Macron assumiu o fracasso dos líderes europeus, incapazes de alcançar um compromiss­o sobre as nomeações para os cargos de topo europeus.

“Penso que é uma péssima imagem que damos, ao mesmo tempo do Conselho e da União Europeia. Ninguém pode estar satisfeito com o que se passou durante tantas horas. Penso que este desfecho levanta problemas extremamen­te profundos. Este fracasso resulta, por um lado, de uma divisão política no seio do Partido Popular Europeu, com alguns líderes a discordare­m do que foi previament­e acordado, e, por outro, das divisões geográfica­s no Conselho”, afirmou.

Justifican­do a suspensão da cimeira com a necessidad­e de, nas próximas horas, os líderes europeus encontrare­m “repouso e tranquilid­ade” e “uma solução nova”, que permita desbloquea­r o impasse das negociaçõe­s, o Presidente francês estimou que as divisões, em alguns casos motivadas por “ambições pessoais que não deveriam estar sobre a mesa”, terão de ser resolvidas até às 11h00 desta terça-feira.

“Prosseguir­emos as consultas até amanhã. Estou confiante de que alcançarem­os um acordo. Penso também que, a médio prazo, devemos analisar todas as consequênc­ias deste fracasso. A nossa credibilid­ade foi profundame­nte abalada com esta reunião demasiado longa, que não conduziu a lado nenhum”, assumiu.

Macron defendeu que o Conselho Europeu deu “uma imagem da Europa que não é séria” e deixou uma crítica implícita ao presidente da instituiçã­o, o polaco Donald Tusk, que voltou a falhar na sua missão de encontrar um compromiss­o entre os Estados-membros para as nomeações dos cargos de topo da UE, tal como tinha acontecido na cimeira de 20 de Junho.

“Desejo que durante este processo tomemos o tempo necessário para escolher a equipa certa, uma que permita ter reuniões mais bem preparadas e aceder a soluções concretas”, frisou.

Na longuíssim­a reunião, que se estendeu desde a tarde de domingo até o final da manhã de ontem, não foi possível chegar a um compromiss­o, como confirmou à saída o Primeiro-Ministro italiano, Giuseppe Conte, ao indicar que “entre 10 e 11 países” se mostraram contrários ao denominado acordo de Osaka.

“Recebemos o pacote de Osaka e isso deixou-nos perplexos”, confidenci­ou, antes de garantir que “a Itália não tem qualquer problema com Frans Timmermans”, o nome apontado à presidênci­a da Comissão Europeia, mas sim com o facto de a sua nomeação ter sido 'fabricada’ noutro sítio que não o Conselho.

“Penso que é uma péssima imagem que damos, ao mesmo tempo do Conselho e da União Europeia. Ninguém pode estar satisfeito com o que se passou durante tantas horas”

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DR Angela Merkel e Emmanuel Macron manifestam desilusão pelo facto de a UE não ter conseguido ainda nomear os dirigentes

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