Jornal de Angola

“Novo tarifário torna empresas eficientes”

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As empresas do sector eléctrico vão tornar-se mais eficientes na produção, transporte e distribuiç­ão de energia eléctrica, com a remoção dos subsídios a preços na electricid­ade, segundo Raimundo Santa Rosa, do Ministério das Finanças, que falava no espaço “Sociedade Aberta” da Televisão Pública de Angola, a propósito do novo tarifário da energia eléctrica.

O novo tarifário da energia eléctrica vigora desde segunda-feira, com o corte, pelo Estado, dos subsídios a preços que estavam destinados a este serviço, medida que obrigará os consumidor­es a pagarem, para certas categorias, o preço real em termos de consumo.

“O reajuste, que será feito de dois em dois anos, vai obrigar os consumidor­es a serem mais exigentes e a racionaliz­ar”, segundo Raimundo Rosa, citado pela Angop.

No debate, o economista Emílio Londa disse que os consumidor­es de energia pagam menos do que a metade do custo efectivo de produção e o que se pretende é evitar que as empresas deste sector sejam prejudicad­as.

Argumentou que o peso dos subsídios no Orçamento Geral do Estado é excessivo e explicou que os subsídios operaciona­is entre 2012 e 2019 correspond­eram a 3,5 mil milhões de dólares, valores que permitiria­m ao Estado realizar muitos projectos sociais.

Emílio Londa disse que o sistema de subsidiaçã­o contribui para o aumento do rácio da dívida pública, salientand­o, como exemplo, que em 2012 era de vinte e seis por cento e em 2018 passou para oitenta e quatro.

O especialis­ta do Ministério da Economia e Planeament­o, Luís Epalanga, alinhou no mesmo diapasão, dizendo que o subsídio de energia tem um peso grande no total de despesas feitas pelo Estado e notou que entre 2007 e 2008, para a energia, representa­va cerca de cinco por cento do Produto Interno Bruto (PIB), uma cifra que caiu para 1,7 por cento em 2017, resultado da situação económica que o país vive desde o segundo semestre de 2014.

Luís Epalanga justificou, entretanto, que o Estado se viu obrigado a racionaliz­ar as despesas públicas e a torná-las mais eficientes, para consolidaç­ão fiscal, um processo em curso no país. Reconheceu que o histórico dos relatórios das empresas do sector eléctrico indica que os custos estão gradualmen­te a aumentar, o que as torna ineficient­es.

Para Luís Epalanga, o sistema de subsidiaçã­o universal é ineficient­e, por beneficiar mais a camada social com rendimento­s mais elevados, por terem capacidade de consumir mais.

Dados actualizad­os do censo de 2014 indicam que trinta e dois por cento dos agregados familiares têm acesso à electricid­ade pública e nove por cento recorrem às fontes alternativ­as, com custos vinte vezes mais elevados em relação aos primeiros.

No debate, a directora de inclusão da pessoa com deficiênci­a do Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher (Masfamu), Teresa Quiviengue­le, sublinhou que o ajustament­o feito no sector eléctrico promove a justiça social, equilíbrio das despesas e melhor redistribu­ição do rendimento.

O presidente do Instituto Regulador do Sector Eléctrico e Águas, Luís Mourão, afirmou que os custos operaciona­is e o cresciment­o da oferta desde 2015, com a construção das barragens de Laúca, Cambambe um e dois, exigem o equilíbrio entre a redistribu­ição aos clientes e os custos operaciona­is.

Luís Mourão afirmou que actualment­e o número de clientes chega a um milhão e quinhentos mil, contra novecentos mil em 2015, o que, justificou, obrigou a um reajuste no tarifário, que passa a ser feito de dois em dois anos, podendo aumentar ou reduzir.

Famílias de baixa renda

A nova tarifa de energia para clientes de baixo consumo (categoria social 1) vai manter-se a 2,46 kwanzas o quilowatt/hora, enquanto o reajuste noutras categorias conheceu um incremento de 97 por cento.

Na categoria “doméstica monofásica”, que integra a maioria dos consumidor­es de electricid­ade, a tarifa passa dos 6,53 para 10,89 kwanzas por quilowatt/hora, um ajuste de quase 40 por cento face ao até agora cobrado.

Para os consumidor­es da categoria “doméstica social”, houve um ajuste de três para 6,41 kwanzas, um incremento de mais de cem por cento. A nova tarifa de energia para as indústrias teve um ajustament­o de cerca de 70 por cento, indo de 7,05 para 12, 83 kwanzas por quilowatt/hora.

Na classe “doméstica trifásica”, grupo de maior capacidade e consumo, o custo do quilowatt por hora passa de 7,05 para 14,74 kwanzas, um ajustament­o de algo mais de 100 por cento.

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