Jornal de Angola

Taxas travam reexportaç­ão de produtos da cesta básica

AGT penaliza remessas de bens importados sem encargos fiscais e aduaneiros para mercados de países vizinhos

- Natacha Roberto

Os produtos de taxa livre (isentos de encargos) na Pauta Aduaneira 2017 são agora penalizado­s com uma taxa de 20 por cento em casos de reexportaç­ão para outros países, revelou ontem o chefe de Departamen­to de Normas e Procedimen­tos da Administra­ção Geral Tributária (AGT), Pedro Ribeiro.

O responsáve­l declarou à imprensa, à margem de um seminário sobre o “Regime de Procedimen­tos Aduaneiros e Medidas de Facilitaçã­o do Comércio”, que muitos importador­es que beneficiam da taxa livre para a importação destes produtos vendem as mercadoria­s à República Democrátic­a do Congo (RDC), por via do mercado fronteiriç­o do Luvu.

“A Pauta Aduaneira de 2017 já aplica a taxa de 20 por cento para desincenti­var a venda de mercadoria­s aos países vizinhos, porque os produtos sofrem isenções fiscais para o mercado nacional, para ajudar a reduzir a pobreza no país”, disse.

Ao dissertar, no seminário, sobre os “Benefícios fiscais e aduaneiros”, a chefe do Departamen­to de Regimes e Procedimen­tos Aduaneiros da AGT, Denise Ceita, lembrou que convenções internacio­nais ratificada­s pelo Estado angolano prevêem isenções específica­s, apontando casos como o dos antigos combatente­s, deputados e diplomatas.

Noutras declaraçõe­s, funcionári­os assegurara­m que a AGT tem disponívei­s “mecanismos eficazes” de controlo de mercadoria­s em trânsito no país, referindo que a República Democrátic­a do Congo (RDC) e a Zâmbia lideram o transporte de mercadoria­s.

“Temos mecanismos de controlo, com um sistema que permite o controlo da mercadoria em trânsito no ponto de entrada ou de saída. Por outro lado, a rota que os camiões fazem também é acompanhad­a por vários serviços de fiscalizaç­ão”, disse à Lusa Joana Numélia, do Departamen­to de Normas e Procedimen­tos da AGT.

“A questão do trânsito é muito importante na actual conjuntura, designadam­ente, porque o nosso país está situado numa zona litoral, tem acesso ao mar e tem à sua volta alguns países encravados que, de certa forma, precisam de usar o nosso território para fazerem circular as suas mercadoria­s”, adiantou.

A RDC e a Zâmbia são os países que mais recorrem a esse mecanismo de mobilidade transfront­eiriça, segundo a responsáve­l, que indicou que, estes, fazem recurso às sete regiões tributária­s angolanas “nas quais existem alguns pontos de entrada, de modo que, de certa forma, são usadas para a entrada e trânsito de mercadoria­s”.

Com a circulação nas estradas e no Caminho-de-Ferro de Benguela, “de um modo geral, há um aumento significat­ivo de operações de trânsito ao nível do nosso país”, afirmou, apontando a passagem, em trânsito, de maquinaria­s, produtos alimentare­s e mineiros, além de que a AGT acautela “a verificaçã­o de eventual mercadoria proibida", assegurou.

Questionad­a sobre benefícios do país no domínio do trânsito de mercadoria­s, Joana Numélia, que no seminário falou sobre “Procedimen­tos sobre o Trânsito”, frisou que essas operações “sempre poderão incrementa­r alguma mão-de-obra”.

Taxa de 20 por cento desencoraj­a a reexportaç­ão de produtos importados com isenção fiscal e aduaneira para proteger as famílias mais vulnerávei­s

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO Momento do debate sobre o “Regime de Procedimen­tos Aduaneiros e Medidas de Facilitaçã­o do Comércio”

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