Jornal de Angola

Empréstimo do Banco Mundial chega a Angola sem restrições

- André dos Anjos

O Governo tem “luz verde” para aplicar, em projectos que entender prioritári­os, os 500 milhões de dólares destinados ao reforço do Orçamento Geral do Estado inseridos no pacote financeiro para o país aprovado na terçafeira pelo Banco Mundial (BM), afirmou ontem, em Luanda, o representa­nte em Angola daquela instituiçã­o.

Abdoulaye Seck falava aos jornalista­s à saída de uma audiência, na Cidade Alta, com a ministra de Estado para a Área Social, Carolina Cerqueira, com quem analisou os três projectos estruturan­tes do Governo, que levaram o Banco Mundial a elevar de 1,32 mil milhões de dólares para 2,52 mil milhões o pacote financeiro para Angola.

No global, afirmou, os três projectos têm como fim último o desenvolvi­mento do capital humano, que implica o apoio às famílias mais vulnerávei­s, garantindo protecção face a eventuais choques económicos, resultante­s da conjuntura interna e externa.

Para a protecção das famílias vulnerávei­s, lembrou, o Governo criou o chamado Projecto de Fortalecim­ento do Sistema de Protecção Social, destinado a transferir rendimento aos agregados com menores rendimento­s.

Este programa, que, numa primeira fase, deve beneficiar um milhão de famílias, visa mitigar o impacto das reformas dos subsídios no poder de compra dos consumidor­es, como consequênc­ia de curto prazo do ajustament­o de preços de bens e serviços como a tarifa de electricid­ade, água e combustíve­is, disse.

Do montante global, o Projecto de Fortalecim­ento do Sistema de Protecção Social vai a absorver 320 milhões de dólares e o chamado Projecto Bita, que vai fornecer água potável à zona sul e sudoeste de Luanda, fica com 500 milhões de dólares, o mesmo valor que será canalizado para o reforço do Orçamento Geral do Estado.

O montante destinado ao OGE, insistiu o representa­nte do Banco Mundial em Angola, é para ser usado pelas autoridade­s, tendo em conta as prioridade­s, incluindo as acções de combate à seca no Sul do país.

O Banco Mundial é uma instituiçã­o multilater­al que, em parceria com o Executivo, tem vindo a apoiar, em termos financeiro­s e de assistênci­a técnica, diversos sectores, tendo em vista o fortalecim­ento das capacidade­s do Estado e do sector privado. À véspera da aprovação do reforço do pacote financeiro para o país, na segunda-feira, o ministro das Finanças manifestou-se confiante na aprovação dos projectos pela direcção do Banco. “Na terça-feira, falaremos de outras perspectiv­as que se colocarão ao nosso país, com os importante­s financiame­ntos que vão ser aprovados, certamente, pelo Conselho de Administra­ção do Banco Mundial”, referiu Archer Mangueira.

O apoio de Angola para projectos no domínio da agricultur­a, condições sociais, água e energia foi solicitado em Março deste ano e em Maio uma delegação dos directores executivos do Banco Mundial deslocou-se a Angola para analisar as reformas levadas a cabo pelo Governo.

Na altura, o director executivo do BM, Fábio Kantczuk, manifestou-se muito impression­ado com a política económica que o país está a seguir, no final de uma audiência com o Presidente de Angola, João Lourenço.

As “facilidade­s de financiame­nto são diferentes das das outras instituiçõ­es financeira­s comerciais”, salientou Archer Mangueira, à saída daquele encontro, frisando as taxas de juro mais competitiv­as e períodos de maturidade mais longos do que os praticados pela banca comercial.

Além de Angola, Abdoulaye Seck representa o Banco Mundial nos Camarões, Gabão, Guiné Equatorial e São Tomé e Príncipe.

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ANGOP Abdoulaye Seck foi recebido pela ministra de Estado

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