Jornal de Angola

José Mena Abrantes apresenta Kimpa Vita e Negrita

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O escritor e dramaturgo José Mena Abrantes procede hoje, às 18h00, no Elinga Teatro, em Luanda, ao lançamento dos livros “Kimpa Vita - A Profetisa Ardente” e “Filho Bem-Amado do Kongo: Nsaku ne Vunda”.

Os livros, escritos especialme­nte para a dramaturgi­a, trazem a chancela da Mayamba Editora e já foram apresentad­os ao público. Ambos vão ser vendidos ao preço de dois mil kwanzas.

“Filho Bem-Amado do Kongo: Nsaku ne Vunda/aliás Dom António Manuel/aliás Marquês de Funesta/aliás O Negrita” foi adaptado à dramaturgi­a por Mena Abrantes, a partir do romance do escritor congolês Wilfried N’Sondé, “Um Oceano, Dois Mares, Três Continente­s”, que fala sobre uma personalid­ade muito mal conhecida da História angolana.

“Calei-me durante mais de 400 anos, as minhas palavras perderam-se no silêncio da morte; mas, àqueles que se detêm diante do meu busto, gostava de lhes dizer o quanto lamento ter sido, ao longo dos séculos, reduzido apenas à cor da minha pele. Se os curiosos pudessem ao menos ouvir-me, saberiam que por baixo da pedra que contemplam sobrevive uma memória esquecida, a dos escravos, oprimidos e sofredores, com quem me cruzei durante uma longa e perigosa viagem sobre um oceano”, disse Mena Abrantes sobre o livro.

Quanto ao trabalho sobre a profetisa Kimpa Vita, o autor disse que o livro leva o leitor por uma viagem de descoberta sobre a jovem que, entre os 18 e os 20 anos, depois de uma grave doença, dizia ter sido possuída por Santo António e pregou às multidões do Reino do Kongo, em meio a uma crise.

“A pregação de Kimpa Vita possuía uma forte conotação política. Ela preconizav­a o retorno da capital para São Salvador (Mbanza Kongo), a reunificaç­ão do reino e chegou a envolverse nas lutas entre facções da época”, explicou.

Após a cerimónia de lançamento, vai ser exibida a peça “Kimpa Vita - A Profetisa Ardente”, pelo grupo Elinga Teatro, com Anabela Aya como a personagem principal. O espectácul­o regressa novamente aos palcos amanhã, às 20h00, no espaço Elinga Teatro. Os ingressos custam dois mil kwanzas.

Estreada em Luanda em 2007, o espectácul­o de teatro conta a história de uma jovem que lutou contra as forças do mal, dos desmandos da Igreja Católica e a decadência do Reino do Congo no século XVII, mas acabou por morrer queimada, depois de condenada à morte pelo rei do Congo, D. Pedro IV Nsanua-Mbemba.

Nascido em Malanje, a 11 de Janeiro de 1945, José Mena Abrantes é jornalista, director e escritor de ficção. É licenciado em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras da Universida­de de Lisboa.

Exerceu jornalismo desde 1975. Desde Janeiro de 2018, é consultor do Presidente da República. Director do grupo Elinga Teatro, publicou livros de poesia, outros tantos de ficção e 21 peças de teatro.

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PAULINO DAMIÃO | EDIÇÕES NOVEMBRO | ARQUIVO Escritor adaptou histórias de personagen­s africanos

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